CARTA DE UM DETENTO PARA SEU PROFESSOR

Nós estaremos no mesmo túnel caminhando juntos e de mãos dadas. Nas paredes iluminadas estarão belas gravuras de nossos filhos sendo queimados pelas sutilezas da vida, passo a passo, minuto a minuto, segundo a segundo, milésimo a milésimo. Não me importo com as concordâncias, mas nesse momento o que importa é que o senhor leia esta sei lá o que e entenda que nesse caminho queimaremos juntos. E as gravuras serão interpretadas como coisas a serem cumpridas, então descubra logo sua utilidade.

Mostre a todos quem realmente é você e surpreenda-se pela sua malvadez. Descubra sua tolice e nunca seja você. Nunca? As palavras me trazem alívio, pois enquanto escrevo esta carta choro, e é muito boa está sensação melhor não há. Peço desculpas a tudo, eles não sabem, mas, estou mentindo. Seus paspalhos engano a todos, qualquer um de vocês seus paspalhos. Não acredito em vocês porque agora acredito em mim. Sinto vontade de matar. Leu isto meu querido professor seja claro e escreva simples, não o que você sempre me pede. Sinto a necessidade de escrever isto, mas nunca irei me matar. Nunca? O que eu tenho psicóloga? Nossa, escrevi a palavra psicóloga errada, mas me explique professor a diferença, por favor? Ela fala e eu interpreto. Ela usa uma bolsa caríssima e diz que não tem preconceito. Corrija todos os meus erros meu querido professor, por favor, todos, coloque-me numa guilhotina e arranque minha cabeça dando risadas de vocês. Nunca irá me entender. Nunca? Levantei-me estou orgulhoso de mim mesmo. Mas e aqueles que não conseguem se levantar? Perco as ideias, mas não me importo estou feliz e quando tudo estiver acabado sempre haverá uma luz no final do túnel. Mentira. Talvez não terei como Aristóteles alguém para me defender ou será que era Platão o protegido? Deixarei você louco meu querido professor não entenderá nunca. Nunca? Nunca. Dou risadas escrevendo porque estou feliz. Deve-se misturar como algo que mistura tudo. Que prova que você tem das coisas? Quem não tem estudo me entende quem não tem não me compreende. Estudo? Dou risada muita, muita, mais ainda. Vi o Boris Casoy pedir desculpas na televisão lembre-se Boris eles não querem ouvir desculpas. Escondo-me em mim não sei até quando, por isso estou feliz e deixarei uma pista a liberdade. Terás sempre um amigo meu querido professor e se morrer antes do senhor apodrecido no fundo desta cela e alguém ler esta carta saberás que foi o senhor meu querido professor, o melhor de todos os seres humanos que conheci, me fez entrar em meus pensamentos sujos, distorcidos da sociedade em que vivo e refletir sobre meu livre arbítrio, portanto no fundo desta cela ou no maior palácio do mundo foi o senhor quem me deu a verdadeira liberdade.

Baltasar Garcia
Enviado por Baltasar Garcia em 17/05/2015
Código do texto: T5244918
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