Reflexos de mim...

Engraçado como o tempo se encarrega de simplificar as coisas em nossa mente... Como modifica nosso modo de pensar, de viver, de enxergar a vida... Penso que isso é o que se caracteriza como experiência de vida, amadurecimento... É quando de repente, o SER passa a ter mais valor que o TER... o QUALITATIVO passa a ser mais importante que o QUANTITATIVO... é quando aprendemos finalmente que PESSOAS são mais importantes que COISAS... Quando esta “mágica” acontece, aprendemos a ouvir, sentir e enxergar as pequenas coisas ao nosso redor... Ouvimos o audível e o inaudível... Sentimos com maior sensibilidade e enxergamos com os “olhos do coração”... Não nos importamos se nos “tacham” de loucos se por acaso sentirmos vontade de sair cantando e dançando na chuva e o fizermos... Loucos são os que sufocam e matam a criança que vive dentro de cada um de nós... Falando em cantar e dançar, gosto muito de cantar quando estou pilotando minha moto... Não me importo se as pessoas me olham diferente quando paro no sinal e continuo cantando em alto e bom som... E se tiver que dançar, eu danço... Pelo simples prazer de dançar... Outro dia, fomos a um almoço com a turma da faculdade de minha sobrinha... Calor imenso... E um chuveirão “dando sopa” bem na minha frente. Aproveitei que um dos colegas se enfiou em baixo do chuveiro e disse para minha sobrinha e filha, vamos tomar banho de chuveiro? Elas ficaram horrorizadas com meu convite e quase me proibiram de seguir adiante! Quase... Mas, eu pensei: Tá uma calor insuportável, que mal há em tomar um banho de chuveiro com roupa e tudo? E fui disputar espaço em baixo do chuveiro (que se danem as etiquetas, os “micos” e tudo o mais)! Muito bom! Melhor que isso, só banho de chuva mesmo! Vale à pena os resfriados... As pneumonias... Os Micos... Os rótulos... As quebras de etiquetas... Simplesmente vale à pena! Porque viver, vale à pena!

Precisamos parar! Parar e silenciar por dentro, até ouvir o barulho do nada... Do vento que sopra mansinho e a gente nem percebe, tamanha a ansiedade...

Precisamos parar! Parar e enxergar aquela cor perdida no meio do cinza escuro do stress do dia-a-dia.... Aquela flor pequenina que brotou insistente no cantinho do asfalto, no meio fio da avenida...

Precisamos parar! Parar e sentir a chuva fria que cai no meio do dia... Sentir o vento acariciando a pele molhada de chuva e fazendo arrepiar os pelos do corpo... “De frio e de calor...” Frio da chuva, calor por estar vivo!

Precisamos ouvir o outro!... Precisamos sentir o outro!... Precisamos enxergar o outro!...

Às vezes, penso que no rosto de cada pessoa tem um espelho e quando olho para este rosto, enxergo o reflexo de mim... Como gosto de sorrisos, sorrio e vejo meu sorriso de volta na face do outro... Como gosto de abraços, estendo meus braços e abraço o outro, recebendo de volta meu abraço... Como gosto de toque, eu toco o outro e recebo de volta o meu toque... Reflexo de reflexos, de reflexos, de reflexos... Reflexos de mim. Quem sou eu? Eu sou você. Você sou eu. Simples assim.

É o meu jeito simples de ser eu em você e de ter você em mim.

Elaine Márcia

15 de outubro de 2013