P R E S S A
Um poeta disse que a pressa aniquila o verso. É uma verdade abissal. Mas não aniquila só o verso, como também inferniza a vida porque hoje a marca registrada da nossa sociedade é a pressa. A pressa e o consumismo.
Admito que somos mesmo obrigados a ter pressa neste cotidiano louco em que vivemos. Não dá para ser devagar, senão babau, o cara é passada para trás. Será? Às vezes penso que a pressa se tornou uma compulsão. Que somos induzidos a ela pelo que chamam modernidade. Se não temos nada para fazer de imediato, inventamos. É preciso estar apressado, estressado, preocupado, olhando para o relógio, futucando nas maquininhas. Até para amar usamos pressa, daí muita gente fazer sexo como o galinho, ligeiro, correndo, como se estivesse rralizando um pagamento de um boleto num banco, daí sair um sexo incompleto que deixa a parceira subindo pelas paredes. Quando alguém resolve dar um chute no pau da barraca da pressa, sossega, dá um tempo na agitação, é logo pichado de atrasado, vecido, preguiçoso e parasita.
Sinceramente, estou cheio dessa rotina estressante da pressa. Simplesmente estou reduzindo ao mínimo minhas preocupações com horários e compromisso. Vou tentar viver de verdade, devagar,, devagarinho, quase parando. Dane-se a pressa. E priu.