EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO
Ninguém escapa da educação. Será? Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não começar a pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram? De tudo o que se discute hoje sobre educação, algumas das questões entre as mais importantes estão escritas nesta carta de índios. Não há uma forma única nem um único modelo de educação: a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor não é o seu único praticante. A educação é uma ciência. Em junho de 1828, assinado por H.L.D. Rivail, discípulo de Pestalozzi, saía a público o “Plan proposé pour l’amélioration de l’education publique, o primeiro trabalho em que o autor procura contribuir, da maneira mais elevada e racional, junto ao Parlamento francês, para que se obtivessem melhores resultados no ensino público dado às crianças, propondo, ainda, a criação de uma”, “Escola teórica e prática de Pedagogia”, com três anos de duração, e onde “se estudaria tudo que diz respeito à arte de formar os homens”. A Educação em outros países principalmente nos mais ricos do mundo à escola desempenha um papel primordial com atribuições definidas tanto para o corpo discente, como o docente. A seriedade é o ponto alto de um planejamento bem feito, bem ordenado, onde levará essas crianças a um rol de intelectualizados e que serão os futuros candidatos ao prêmio Nobel da Paz. No Brasil, ainda há um certo desleixo por parte das autoridades, o ensino público que já foi de primeiríssima qualidade, hoje arqueja e seus alunos freqüentam as salas de aulas muitas vezes só para saciar a fome com a merenda escolar. E ainda existem políticos inescrupulosos que se apropriam da verba e as crianças ficam a ver navios. Não existe uma seriedade, um interesse para que os fracos e oprimidos consigam galgar um posto alto na educação brasiliana.
Vejam a seriedade: Rivail, após várias considerações, declarava: “Três coisas me parecem de necessidade absoluta para a melhoria da educação em geral, a saber: 1-a organização de estudos especiais relacionados com a arte da educação, ou, em outras palavras, o estabelecimento de escolas pedagógicas; 2-a alteração do plano de estudos clássicos; 3-a isenção da obrigatoriedade em que se acham os chefes de instituições de conduzir seus alunos aos cursos dos colégios reais, obrigação mui prejudicial, visto que os instrutores ficam forçados, a seu malgrado, a se entregarem à rotina”. Edouard Buisson, ilustre pedagogo, publicista e político francês, inspetor do ensino primário, ardoroso defensor da laicidade do ensino nas escolas do Estado, foi um dos fundadores da Liga dos Direitos do Homem, tendo recebido em 1927, com Ludwig Quidde, o prêmio Nobel da Paz. Outra grande figura da educação no primeiro mundo, Pestalozzi pronunciou diante do corpo docente e discente do Instituto de Yverdon, em 12 de janeiro de 1818, dia dos seus 72°. Aniversário, discurso, aliás, dos mais importantes e curiosos, no qual sua doutrina educativa e filantrópica se acha exposta com mais vivacidade e clareza, ele explica o papel do educador, que, a seu ver, deve preservar e assistir o desenvolvimento das energias saudáveis da criança, como o jardineiro preserva e assiste o crescimento da planta. A imagem de Pestalozzi (jardineiro= professor), no discurso que comoveu todo o auditório pela grandeza dalma estereotipada em cada trecho, ficou gravado no espírito do jovem Rivail, que dela se serviu por diversas vezes. Hipolyte Léon Denizard Rivail foi discípulo de Pestalozzi e foi estudar com o mestre em Yverdon na Suíça. Há uma presença tão forte do homem Pestalozzi nas idéias de Pestalozzi e uma coerência tão intrínseca que existe uma só interpretação sobre esse autor que não tenha largas conexões biográficas. Por isso, não só pela originalidade ideológica, mas também pela força nela impressa pela personalidade do autor, pelo valor irresistível do exemplo e do engajamento absoluto, é que o visitante de Pestalozzi se deixa assaltar por uma sensação que transcende a mera análise acadêmica.
O pedagogo suíço admitia que a criança, desde a mais tenra idade, possuía, em germe, a razão com os sentimentos morais. Por isso é que Rivail , como discípulo de Pestalozzi, observava a necessidade de fazer desabrochar na criança os germes da virtude e de reprimir os do vício, acrescentando que se podem transmitir ao educando, mediante adequada educação, as impressões próprias ao desenvolvimento das virtudes. Denizard Hipolyte Rivail propunha-se aprofundar esses assuntos numa “obra completa de pedagogia” que ele tinha o propósito de escrever. É lamentável que essa obra jamais viesse a público. Sem dúvida, a falta de tempo foi o principal empecilho à projetada aspiração de Rivail, e é pena, porque nos sobra a certeza de que tal obra seria inscrita, com altos elogios, nos anais da pedagogia mundial. Denizard Rivail, chegando à capital da França, logo se pôs a exercer o magistério, aproveitando as horas vagas para traduzir obras inglesas e alemãs e para preparar o seu primeiro livro didático. Não tardou que em primeiro de fevereiro de 1823 fosse relacionado na “Bibliographie de la Frande” o prospecto intitulado: “Cours Pratique et Théorique D’Arithmétique, d’après les principes de Pestalozzi, avec des modifications”, assinado por H.L.D. Rivail. Nada mais sendo que um folheto destinado a dar o plano, a idéia, a descrição de alguma obra que ainda não fora publicado, mas que havia de ser, o propescto era distribuído com fins meramente publicitários. O futuro codificador do espiritismo, com apenas dezoito anos de idade, pois que nascera em 3 de outubro de 1804, empregara esforços e talento na preparação do utilíssimo livro, assentando-o em bases pestalozzianas, mas com muitas idéias originais e práticas do próprio autor. Os princípios pedagógicos de Pestalozzi são: 1- A intuição é o fundamento da instrução; 2-A linguagem deve estar ligada à intuição; 3-A época de ensinar não é a de julgar e criticar; 4-Em cada matéria, o ensino deve começar pelos elementos mais simples, e daí continuar gradualmente de acordo com o desenvolvimento da criança, isto é, por séries psicologicamente encadeadas; 5-Deve-se insistir bastante tempo em cada ponto da lição, a fim de que a criança adquira sobre ela o completo domínio e a livre disposição; 6-O ensino deve sugerir a via de desenvolvimento e jamais a da exposição dogmática; 7-A individualidade do aluno deve ser sagrada para o educador; 8-O principal fim do ensino elementar não é sobrecarregar a criança de conhecimentos e talentos, mas desenvolver as forças de sua inteligência; 9-Ao saber é preciso aliar a ação; aos conhecimentos, o savoir-faire; 10-As relações entre mestre e aluno, sobre tudo no que concerne à disciplina, devem ser fundadas no amor e por ele. Governadas. 11-A instrução deve constituir o escopo superior da educação. Acontece que a experiência de Pestalozzi em Berthoud, junto aos colaboradores, modificaria em alguns pontos o seu método. Kardec como discípulo de Pestalozzi absorveu bem essas nuanças do sistema e além do livro sobre matemática deve oportunidade de publicar outros livros. Nesta época não sonhava com a doutrina espírita.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-ESTUDANTE DE JORNALISMO
ACADÊMICO DA ALOMERCE (ACADEMIA DE LETRAS DOS OFICIAIS DA RESERVA DO CEARÁ E MEMBRO DA ACI-ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE IMPRENSA).