Pseudoamericana

Em Curitiba não é raro de se deparar com pessoas de outros países andando pelas ruas, com o tempo você passa a não se espantar mais se estiver no mercado municipal, no shopping ou no centro e entre um grupo de pessoas ou outro parecer saltar o inglês ou alguma outra língua desconhecida. Já tive um ou outro contato com esses tais ‘gringos’. Certa vez eu ia num ônibus quase vazio para o centro, e quando se aproximava ao destino percebi um rapaz de cabelos claros e pele bronze meio que desorientado, achei estranho... retirou de seu bolso um chiclete, abre-o, deposita-o em sua boca e, assim que o ônibus para, levanta e leva o papel até o lixo, e eu, que antes já o achava estranho, agora já estava assustado: Ele jogou o papel no lixo! Ele me encarava, descemos do ônibus e, após muito revidar, não encontrou outra solução se não inquirir-me, em inglês: “Você conhece algum hostel por aqui?”. De fato eu sabia onde havia um hostel, mas não no centro, até tentei lhe explicar o que eu sabia, mas o meu inglês e meu senso de orientação geográfica não me foram suficientes para a conclusão da tarefa. Todavia, nenhum outro encontro com gringo foi mais traumático do que o que aconteceu hoje...

Era apenas mais um término de aula na faculdade, e eu como sempre, caminhei pelo campus até chegar ao ponto e adentrar no ônibus. Dessa vez o ônibus estava lotado, me aloquei em um desses canos metálicos onde os passageiros seguram quando não há mais lugar para sentar, dividi-o com uma moça simpática, pele clara, cabelos castanhos cacheados e de gestos modestos, até que, em uma dessas ‘barbeiragens’ que os ônibus fazem, acabei batendo com certa força na mão dela. Fiquei desesperado! Pedi-lhe desculpas, mas o que recebi em troca foi algo pouco audível que a mim soou como inglês. Então:

-Do you Speak English? Disse eu a ela.

-Yes. Ela disse a mim.

E furtando palavras desse idioma tão bonito conversamos por pouco tempo, até que eu proferi a terrível sentença: - Where are you from? (De onde você é?) e a resposta dela foi:

- Curitiba.

- COMO!? (Eu disse a ela com certo estarrecimento)

Ela me questionou “- Você fala português?” e eu “-Sim, mas você não é de outro país? Eu escutei você falando inglês!”

E entre constrangimentos e risos, um minuto depois de começarmos a nos entender chegou meu ponto. Desci.

Eu ri dessa história o dia inteiro até que tive a ideia de escrevê-la. Como eu nunca escrevi uma crônica (ou quase isso), meus planos era utilizar os devidos exageros que tornam um texto interessante, mas não me foram necessários, e, além disso, tive receio de que minha pseudoamericana do ônibus descobrisse e me chamasse de mentiroso.

Denner Sampaio
Enviado por Denner Sampaio em 14/05/2015
Código do texto: T5241057
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