OU DÁ OU DESCE DEPUTADO

Há fatos no campo da política e da justiça que nos dá a impressão que só acontecem no Brasil. Este final de semana, ao dedicar alguns minutos ao noticiário nacional – como de costume – me deparei com uma notícia que, acredito, deixou estarrecido, para não dizer desapontado, todo cidadão brasileiro que paga seus impostos – mesmo forçado – e tem esperança em um Brasil decente para todos os brasileiros (parece até redundância).

A manchete estampada no jornal O Globo dizia: “Hugo Motta pressiona Luiz Sérgio para deixar defesa de Vaccari”. À primeira vista, para algum leigo na política nacional, pode até parecer uma manchete normal, porém, ao se aprofundar no noticiário, o leitor cidadão vai perceber que o ‘Vaccari’, é aquele ex-tesoureiro do PT (ex, porque foi afastado recentemente, só depois de ser preso), acusado de envolvimento no esquema da Petrobrás que, segundo o MP, desviou bilhões de reais para partidos políticos e, claro, políticos e funcionários da própria empresa ligados a tais partidos – ou a políticos? Bom, nesse caso, como na matemática, a ordem dos fatores não altera o produto. Já o Luiz Sérgio (PT-RJ), citado na manchete, é nada mais, nada menos que o relator da CPI da Petrobras, indicado pelo próprio Vaccari para ser sua testemunha de defesa. Dá pra entender?

Vamos tentar ajudar então. O deputado Luiz Sérgio, é o relator da CPI da Petrobras e a ele, cabe investigar a conduta dos suspeitos de corrupção na estatal e preparar o relatório com as conclusões da comissão, inclusive recomendando punição e até mesmo prisão de investigados, incluindo de Vaccari.

E isso não fica por aí não, segundo a matéria, Vaccari indicou ainda como testemunha DE DEFESA dele, além do deputado Luiz Sérgio – aí volto a repetir- é o relator da CPI da Petrobras e a ele, cabe investigar a conduta dos suspeitos de corrupção na estatal e preparar o relatório com as conclusões da comissão, inclusive recomendando punição e até mesmo prisão de investigados, incluindo de Vaccari, o ex-governador do Rio Grande Sul, Tarso Genro, e o deputado Sibá Machado, líder do PT na Câmara.

Diante do constrangimento causado com a indicação do relator da CPI da Petrobras, Luiz Sérgio (PT-RJ), como testemunha de defesa do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o presidente da comissão, deputado paraibano Hugo Motta (PMDB), disse ser “incompatível” e “inaceitável” que um integrante da CPI aceite a função.

Para Hugo Motta, o relator terá que deixar os trabalhos da CPI caso passe a atuar como testemunha de defesa de Vaccari, acusado de ser um dos operadores do esquema de corrupção na Petrobras. O presidente da comissão defende que Luiz Sérgio tenha um posicionamento “claro e imediato” sobre a indicação de Vaccari sob pena de colocar sob suspeição os trabalhos da CPI.

Recentemente,

O juiz federal Sérgio Moro questionou a escolha da defesa de Vaccari e pediu que os advogados do petista apresentem em até cinco dias as justificativas para a convocação dos dois deputados federais e de Tarso Genro. Moro ressaltou o perigo de usar o processo penal para “constranger agentes públicos”.

Na ocasião, Luiz Sérgio (PT-RJ) disse que a indicação de seu nome como testemunha de defesa no processo causa constrangimento. O deputado afirmou que irá analisar a situação junto ao departamento jurídico da Câmara para saber se isso traz algum impedimento.