A finca, a fim, cara?
As meninas não ligam muito, mas todo menino que se preza, e que se praza, pirralho, ou empombado pacarai, de faca, ou barbatana de guarda-chuva à mão, sabe bem do que falo quando me refiro ao canto de casa: é da finca, em torno da qual, ninguém brinca.
Primeiro, é preciso que chova, pois sem um solo molhado, enxarcado, nada feito. E, quando as águas já rolaram, é hora de ir pra rua, amassar barro, e com a finca tirar um sarro. Consiste no desenho de dois triângulos, ou quadrados, no chão à ponta de faca riscados, de poucos passos entre si distanciados e, na tentativa de se construir a partir do centro de cada casa uma linha que vá até a outra, a contorne, e retorne para reentrar na casa onde saiu, arrematando o jogo.
A linha é construída passo a passo, a partir de cada vez que a faca, barbatana, ponteiro, ou outro objeto semelhante, projetado pela mão caia de pé, penetrando o chão. E se não fincar e de ponta ficar no chão, o jogo passa para o adversário.
E o canto de casa é aquele momento em que o finquista se aproxima e circunda a casa do adversário, ou a sua própria, devendo manter a linha a uma distância de no máximo quatro dedos das linhas da casa.
Os jogos dificilmente chegam a bom termo, pois as disputas são acirradas e, quem a faca empunha, por qualquer coisinha... felizmente acaba a mumunha, pois a mãe aflita, esperneia, ameaça e grita, ao pressentir, depressinha, a falta que lhe faz a faca de cozinha...