TAO TE CHING

"Quem pode purificar a água do lamaçal? Deixe-a desaguar na Tranquilidade, que lentamente se purificará. Quem pode assegurar o descanso? Deixe que o movimento corra pelo Meio, que ele alcançará a paz em si mesmo." - Lao Tse



Estou finalmente lendo o Tao Te Ching, de Lao Tse. É um livro para se ler devagar, voltando nas passagens, sublinhando, copiando algumas preferidas, pensando, pensando, pensando... ninguém deveria deixar de lê-lo, pois tem muito a ensinar; principalmente a alguém que, como eu, tem muito a aprender. Seus ensinamentos não devem servir como temas para debates, pois como o próprio livro diz, 

"Aqueles que contemplam o Tao não discutem sobre ele. Aqueles que discutem sobre ele ainda não contemplam o Tao. Aqueles que compreendem o Tao não são excessivamente intelectuais. Aqueles que são excessivamente intelectuais ainda não compreendem o Tao. O sábio reflete ao Tao, não o acumula para si. Quando mais o reflete adiante, mais se ilumina. Quando mais luz encaminha a vizinhança, mais luz possui dentro de si. Todos os espinhos no Caminho para o Céu: nenhum deles o macula. Ele realiza a Grande Obra sem qualquer ambição..."

É um daqueles livros que faz com que nos sintamos ignorantes ao contemplarmos a nossa própria pequenez. É estranho... porque, apesar disso, ele nos traz uma sensação de muita paz. Porque a gente acaba descobrindo que não precisa provar nada; que ninguém precisa provar nada. Que quando nos esvaziamos, abrimos espaços dentro da gente. Bem, cá estou eu interpretando trechos do livro... sinal de que eu não o compreendo ainda.

Assim, deixo alguns trechos:


"As palavras sinceras nem sempre são agradáveis; as palavras agradáveis nem sempre são sinceras."




"Aquele que deseja tomar o seu lugar se assemelha a alguém que quer substituir um exímio carpinteiro sem nunca haver manejado seus instrumentos. Aquele que tentar usar o seu serrote certamente terminará por cerrar aos próprios dedos."



"Viver incessantemente não nos torna felizes. Prolongar a sobrevivência nos afasta da vivência. Quando as coisas se tornam fortes e imponentes, são represadas e envelhecem; isto demonstra que são contrárias ao Tao. Tudo o que é contrário ao Tao logo perece."




A Viagem Para Dentro

É possível conhecer todo o mundo sem jamais haver cruzado uma fronteira. Sem haver olhado para fora através da janela, é  possível conhecer o Caminho do Céu. Aquele que se distancia de si mesmo é um estrangeiro no Reino. Dessa forma o sábio adquire conhecimento sem viajar. Confere os nomes verdadeiros para as coisas sem as ver. E conquista o que dita sua Vontade sem haver sequer desejado."




"Aquele que se contenta com o que tem e o que é não deve temer a opinião alheia. Aquele que sabe quando parar, está livre do perigo e reinará sobre si, sem preocupações."



"A conexão superficial é apenas uma flor do Tao; é o princípio da estupidez. Dessa forma, o grande homem retém apenas a essência, e atira a casca fora. Mora junto ao fruto e não se deixa seduzir pela flor. Eis o que sua vontade determina."




"O curso da natureza é como um fluxo. O que estava na frente agora está atrás. O que estava aquecido, encontramos congelando. algumas batalhas são ganhas através da força, e outras, pela fraqueza. Hoje predador, amanhã a presa. O sábio, portanto, procura evitar os excessos, as extravagâncias e a arrogância."





"No ocaso dos tempos somente um vaso ainda vazio receberá da água da Fonte."




"Quando governantes perdem sua confiança, as pessoas perdem sua fé nos governantes. Como eram hesitantes os antigos governantes! Governavam sem discursos, como se não estivessem lá. Suas obras pareciam construir a si mesmas, e seu reino era tão próspero que as famílias afirmavam em coro: "Graças a nós é que tudo vai assim tão bem!""




O vir a ser 

Trinta raios convergem e se unem ao centro da roda da carruagem; mas é o vão que permite a entrada do eixo e faz o carro rodar. O barro é modelado pelo artesão num belo jarro; mas é o ,espaço vazio dentro dele que permite que o preenchamos com água. as portas e janelas são cortadas das paredes da casa; mas é o espaço vazio que delimitam que permite que possamos entrar e sair. Assim é que produzimos tudo o que é útil para delinear os limites do espaço; mas é o espaço, isto é, o vir a ser, que possui valor real."




"Deixe que a alma voe livremente entre os indivíduos e a sociedade, sem desejo de status. Enquanto os portões do céu se abrem e tornam a se fechar, planemos como as gaivotas. Deixe que a inteligência penetre todas as regiões, livre da gaiola da intelectualidade. Aquilo que cria e sustenta toda a vida jamais clama por sua posse. Seu abraço abarca a todos, mas não exige gratidão. Comanda tudo, mas jamais exerce autoridade alguma. Esta é a "qualidade misteriosa" do Tao."




"Devemos considerar nosso brilho a fim de que nos harmonizemos com a escuridão dos outros."




 
 
 
LAO TSE
Enviado por Ana Bailune em 11/05/2015
Reeditado em 11/05/2015
Código do texto: T5238164
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