A saga da inveja descabida e rota
A pior ação que pode existir é a da depreciação de uma pessoa feita por outra. Trata-se, com certeza, daquelas atitudes tacanhas; mesquinhas que se equivalem a quem pratica, talvez por rancor gratuito ou por uma inveja caracterizada. Uma inveja tão invejosa que, talvez, provoque o furor e o recalque do desprestigiado, tentando mexer na auto-estima e na dignidade no seu objeto-alvo de furor. Tipifica a sua atitude na fraqueza contínua de quem nunca, em momento algum, desfrutou a felicidade, proporcionada por si próprio ou pelos seus.
A calúnia mordaz e o sarcasmo ínfimo confinam o seu autor a uma vida escrava por passionalismos fúteis, sem sentido, sem vida. Talvez, se o seu objetivo se desviasse para outros fins mais ímpares, com certeza, a sua contribuição aos que se encontram à sua volta teria um sentido mais utilitário.
Não sei se a razão que motiva a escrever seja por conta das invejas que sofri ou das que presenciei. Provalvemente, sim. No entanto, não é ela o fator preponderante para ter manuscrito virtualmente esse texto. Todavia, ele tem sido útil para desmascarar, de forma objetiva, o que está por trás das "broncas" do patrão ao seu empregado padrão ou às críticas não comedidas e desbocadas de políticos a outros, de alguns "intelectuais" a outros e até, em um grau de exemplificação mais sucinta, à inveja de uma pessoa no cotidiano mais simples, seja pelo fato de haver a competição feminina de quem é a mais "bela" ou "bem-produzida" ou de quem "joga mais" futebol.
Essa inveja fortuita, somado ao individualismo bem egóico e egocêntrico e ao espírito competitivo do desgastado capitalismo, talvez se alimenta desses fatores para sobreviver. Ter inveja, outrora, significava ter a mesma coisa que o outro (ou o seu próximo mais próximo) tinha. Hoje não. É suplantar o outro e atravancar a vida dele, nem que para isso seja necessário desmoralizá-lo ou descategorizá-lo, ainda que, para isso, seja necessário humilhá-lo em público ou por subterfúgios velados e práticas em nada ortodoxas.
Entre fingimentos, farisaísmos, dissimulações, adulações e embustes, posso perceber o quanto está presente as ações camufladas de quem aspira ascender a um espaço, por vezes, agindo sem dar a sua palavra ou mesmo traindo a confiança, da forma mais sutil e inesperada.
Talvez, como consolo, seja a passagem de Jeremias 17:05-07, onde, em um trecho, claramente diz: "Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!". E a seguir, afirma categoricamente: “Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é no Senhor”.
Aprendemos e vivemos, frente às alegrias, lutas e decepções. Algumas delas gratuitas. Outras não. Contudo, com a riqueza que a vida nos proporciona, concedida por Deus (para os que crêem ou não em sua existência), é possível superar momentos inviáveis, fortuitos ou, inclusive, tão ínfimos à altura da nossa nobreza e do desejo da vontade intensa em viver uma vida bem viva e vivenciada. E, se queremos ter uma melhor qualidade de vida, nada melhor que desconsiderar as manifestações escroques da inveja e das deprecações formuladas por gente que nunca sentiu a amplitude e a razão de que existe algo maior e mais sublime que possa existir.
E é a eles (todos eles, um por um) que os convido a abdicar essa vidinha e viver intensamente os seus sonhos (se é que há neles), desprovidos do germe do confrontismo inútil, cego e vão da mágoa e do ressentimento gratuito.
A eles, termino e dedico essa crônica.