Quer ser escritor? Cuidado!
Ultimamente não tenho feito outra coisa na vida. Escrevo quando acordo, na parte da tarde, à noite e de madrugada, sem falar nas anotações que faço no meu caderninho de bolso nos lugares mais extravagantes.
Mas, o que escrevo afinal? Tudo que me vem à mente é motivo de registro. Uma espécie de mania, compulsão, obsessão, verborréia ou coisa parecida. Uma ideia fixa que não descola e faz que o meu pensamento esteja sempre voltado para a sublime literatura.
Apreendi a escrever através do empirismo, o que me levou a criar um dossiê, que cresceu tanto a ponto de temer ser esmagado pelo acúmulo de papeis sobre a minha escrivaninha.
Então, para evitar que essa produção epistolar provocasse um insólito acidente, matando ou aleijando o seu criador, resolvi catalogar tudo no computador e depois tive a dadivosa (?) ideia de editar o meu primeiro livro sob o título “Miscelâneas”.
Por acaso pensam que parei por aí, plenamente satisfeito com essa temerária e imprevisível decisão? Convencido que me tornava um escritor, ou pelo menos um arremedo de aprendiz nas artes das letras, decidi (mesmo ignorando os desesperados apelos para que não o fizesse) continuar essa verdadeira odisseia dom-quixotista à busca de um ideal imaginário do meu trabalho ser um dia reconhecido, mesmo que fosse restrito aos vizinhos do meu prédio e alguns amigos próximos, aos quais, diga-se de passagem, me apressei em ofertar alguns exemplares para que se deleitassem com o portentoso cavaleiro andante à procura de sua Dulcinéia, perdida, talvez, no meio do labirinto formado pelos meus despretensiosos textos.
Assim, para espanto de alguns e pura perplexidade de outros, temerariamente editei um segundo ensaio literário que causou puro desespero no mercado literário (que não havia sido previamente notificado), com o sugestivo título “Devaneios”, cujos originais encaminhei rapidamente ao editor para posterior comercialização.
Todavia, fiquei com a impressão que essa decisão me causaria grande dor de cabeça em termos financeiros, já que não bastaria colocar um livro em uma livraria da vida qualquer. Antes, seria necessário que fizesse a propaganda na mídia, no corpo-a-corpo, na internet e sabe-se lá de que outras formas, para que o leitor alvo fosse previamente informado do que estaria adquirindo.
Tinha que levar em conta, também, que marinheiro de primeira viagem é assim mesmo: ninguém conhece e nem dá a mínima pelota. Alguém, por exemplo, compraria um livro de um autor desconhecido apenas pela bela apresentação gráfica presente em sua capa?
Dificilmente, pois não? Acho que nem os amigos mais próximos o fariam, muito mesmo por uma questão de solidariedade. Ninguém compra nada apenas para ser bonzinho. Quando muito, comparece curioso à noite de autógrafos para ver quem estará lá, além das pessoas pertencentes ao círculo de amizades do autor, e assim mesmo se posicionará em local estratégico para não ser visto, principalmente pelo dono da festa literária. Seria constrangedor ser obrigado a comprar um exemplar por força de um prosaico acidente de percurso, não é mesmo?
Prova disso, foi um cena profundamente constrangedora que presenciei outro dia na Livraria Saraiva, situada em um shopping, oportunidade em que escutei o sistema de som solicitar que os presentes prestigiassem uma tarde de autógrafo que se realizava naquele exato momento. Curioso, aproximei-me timidamente ao local específico, oportunidade em que deparei com o escritor em sua mesa e sem ninguém por perto que lhe dispensasse a mínima atenção, pelo menos durante os trinta minutos que ali permaneci. Terrível!
Então, o que fez com que continuasse insistindo nessa ideia maluca de um dia virar um escritor, mesmo contra a vontade de muitos? (ou todos)? Não sei, sinceramente! Apenas que senti vontade de botar o preto no branco e retratar o que me vem à mente num torvelinho impossível de ser refreado, e faz que mesmo sabedor dos percalços que estarei sujeito, ainda assim insista fincar pé firme nessa decisão temerária de ser um Paulo Coelho da vida, ainda que à custa de qualquer sacrifício.
A menos, é claro, que antes disso seja linchado em praça pública pelos escassos e revoltados leitores que, sabe-se lá por que inusitadas razões, venham adquirir alguns exemplares das minhas controversas obras.
Mas, o que escrevo afinal? Tudo que me vem à mente é motivo de registro. Uma espécie de mania, compulsão, obsessão, verborréia ou coisa parecida. Uma ideia fixa que não descola e faz que o meu pensamento esteja sempre voltado para a sublime literatura.
Apreendi a escrever através do empirismo, o que me levou a criar um dossiê, que cresceu tanto a ponto de temer ser esmagado pelo acúmulo de papeis sobre a minha escrivaninha.
Então, para evitar que essa produção epistolar provocasse um insólito acidente, matando ou aleijando o seu criador, resolvi catalogar tudo no computador e depois tive a dadivosa (?) ideia de editar o meu primeiro livro sob o título “Miscelâneas”.
Por acaso pensam que parei por aí, plenamente satisfeito com essa temerária e imprevisível decisão? Convencido que me tornava um escritor, ou pelo menos um arremedo de aprendiz nas artes das letras, decidi (mesmo ignorando os desesperados apelos para que não o fizesse) continuar essa verdadeira odisseia dom-quixotista à busca de um ideal imaginário do meu trabalho ser um dia reconhecido, mesmo que fosse restrito aos vizinhos do meu prédio e alguns amigos próximos, aos quais, diga-se de passagem, me apressei em ofertar alguns exemplares para que se deleitassem com o portentoso cavaleiro andante à procura de sua Dulcinéia, perdida, talvez, no meio do labirinto formado pelos meus despretensiosos textos.
Assim, para espanto de alguns e pura perplexidade de outros, temerariamente editei um segundo ensaio literário que causou puro desespero no mercado literário (que não havia sido previamente notificado), com o sugestivo título “Devaneios”, cujos originais encaminhei rapidamente ao editor para posterior comercialização.
Todavia, fiquei com a impressão que essa decisão me causaria grande dor de cabeça em termos financeiros, já que não bastaria colocar um livro em uma livraria da vida qualquer. Antes, seria necessário que fizesse a propaganda na mídia, no corpo-a-corpo, na internet e sabe-se lá de que outras formas, para que o leitor alvo fosse previamente informado do que estaria adquirindo.
Tinha que levar em conta, também, que marinheiro de primeira viagem é assim mesmo: ninguém conhece e nem dá a mínima pelota. Alguém, por exemplo, compraria um livro de um autor desconhecido apenas pela bela apresentação gráfica presente em sua capa?
Dificilmente, pois não? Acho que nem os amigos mais próximos o fariam, muito mesmo por uma questão de solidariedade. Ninguém compra nada apenas para ser bonzinho. Quando muito, comparece curioso à noite de autógrafos para ver quem estará lá, além das pessoas pertencentes ao círculo de amizades do autor, e assim mesmo se posicionará em local estratégico para não ser visto, principalmente pelo dono da festa literária. Seria constrangedor ser obrigado a comprar um exemplar por força de um prosaico acidente de percurso, não é mesmo?
Prova disso, foi um cena profundamente constrangedora que presenciei outro dia na Livraria Saraiva, situada em um shopping, oportunidade em que escutei o sistema de som solicitar que os presentes prestigiassem uma tarde de autógrafo que se realizava naquele exato momento. Curioso, aproximei-me timidamente ao local específico, oportunidade em que deparei com o escritor em sua mesa e sem ninguém por perto que lhe dispensasse a mínima atenção, pelo menos durante os trinta minutos que ali permaneci. Terrível!
Então, o que fez com que continuasse insistindo nessa ideia maluca de um dia virar um escritor, mesmo contra a vontade de muitos? (ou todos)? Não sei, sinceramente! Apenas que senti vontade de botar o preto no branco e retratar o que me vem à mente num torvelinho impossível de ser refreado, e faz que mesmo sabedor dos percalços que estarei sujeito, ainda assim insista fincar pé firme nessa decisão temerária de ser um Paulo Coelho da vida, ainda que à custa de qualquer sacrifício.
A menos, é claro, que antes disso seja linchado em praça pública pelos escassos e revoltados leitores que, sabe-se lá por que inusitadas razões, venham adquirir alguns exemplares das minhas controversas obras.