Ela e eu
1. Saí de casa muito cedo. Com treze anos de idade, idos de 1947, eu já era aluno interno de um colégio franciscano na pequenina cidade de Canindé. Canindé fica a cento e poucos quilômetros de Fortaleza; e distante muitas léguas da minha terra natal, no coração do sertão cearense.
2. Em 1952, deixei o seminário seráfico. Não voltei para a casa paterna. Vez em quando, aparecia por lá para pedir a bênção de meus pais. Naquele tempo, se dizia assim: bênça, mãe! bênça pai!
3. Afastado dos claustros, tive que trabalhar duro e frequentar colégios e faculdade, tudo muito longe de casa.
4. No internato, a lembrança de minha mãe era viva e permanente; sentia bastante a sua ausência; morria de saudade dela...
5. Detalhe. Essa saudade crescia, aumentava, depois da Oração da Noite: as luzes do dormitório eram parcialmente apagadas e o seminário mergulhava no mais profundo e "celestial" silêncio.
6. Naquele momento, logo me vinha à lembrança estes versinhos de Casemiro de Abreu (1839-1860), o Poeta da Saudade: "Feliz o bom filho que pode contente/ Na casa paterna de noite e de dia/ Sentir as carícias do anjo de amores,/ Da estrela brilhante que a vida nos guia! - Uma Mãe!"
7. Não me recordo, volvidos tantos anos, se no meu tempo de seminário o Dia das Mães, oficializado em 1937 pelo Presidente Vargas, era comemorado; ou não se dava bolas para essa justa homenagem.
8. Embora, historicamente, o Dia das Mães tenha origem mitológica, pagã - os gregos antigos, abrindo a primavera, homenageavam Rhea ou Cibele, a Mãe de todos os deuses -, tenho a impressão de que a Igreja de Roma nunca condenou esse doce festejo.
9. Tanto é verdade que, em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, um respeitado purpurado, aqui e no Vaticano do sisudo papa Pio XII, não hesitou em mandar incluir o Dia das Mães no calendário oficial da Igreja.
10. Agora minha opinião: agem acertadamente os que aplaudem e comemoram o Dia da Mãe, prefiro dizer assim. Esqueçamos, por favor, o apelo comercial que a data sugere e sintamos, com a maior intensidade possível, o que de meigo e significativo esse dia inspira.
11. Muito bem. Mãe, a gente homenageia lendo para ela bonitos sonetos, interessantes quadrinhas e poemas fantásticos. Este ano, para saudá-la, pedi a ajuda de três belos poetas.
12. Aqui estão eles: Carlos Drummond de Andrade - Versos extraídos do seu poema Para Sempre - Por que Deus permite/ que as mães vão-se embora?/ Mãe não tem limite,/ é tempo sem hora,/ luz que não apaga/ quando sopra o vento/ e a chuva desaba...
13. Cora Coralina - "Renovadora e reveladora do mundo/ A humanidade se renova no teu ventre./ Cria teus filhos,/ não os entregues à creche./ Creche é fria, impessoal./ Nunca será um lar/para teu filho./ Ele, pequenino, precisa de ti./ Não o desligues da tua força maternal!"
14. Para minha mãe, estes versos de Quintana: "Mãe... São três letras apenas,/As desse nome bendito:/ Três letrinhas, nada mais.../ E nelas cabe o infinito/ E a palavra tão pequena - confessam mesmo os ateus -/ És do tamanho do céu/ E apenas menor do que Deus!"
15. Oi, Mãe... Você partiu...já faz tanto tempo!!! Se estiver me vendo, me mande um beijo...
1. Saí de casa muito cedo. Com treze anos de idade, idos de 1947, eu já era aluno interno de um colégio franciscano na pequenina cidade de Canindé. Canindé fica a cento e poucos quilômetros de Fortaleza; e distante muitas léguas da minha terra natal, no coração do sertão cearense.
2. Em 1952, deixei o seminário seráfico. Não voltei para a casa paterna. Vez em quando, aparecia por lá para pedir a bênção de meus pais. Naquele tempo, se dizia assim: bênça, mãe! bênça pai!
3. Afastado dos claustros, tive que trabalhar duro e frequentar colégios e faculdade, tudo muito longe de casa.
4. No internato, a lembrança de minha mãe era viva e permanente; sentia bastante a sua ausência; morria de saudade dela...
5. Detalhe. Essa saudade crescia, aumentava, depois da Oração da Noite: as luzes do dormitório eram parcialmente apagadas e o seminário mergulhava no mais profundo e "celestial" silêncio.
6. Naquele momento, logo me vinha à lembrança estes versinhos de Casemiro de Abreu (1839-1860), o Poeta da Saudade: "Feliz o bom filho que pode contente/ Na casa paterna de noite e de dia/ Sentir as carícias do anjo de amores,/ Da estrela brilhante que a vida nos guia! - Uma Mãe!"
7. Não me recordo, volvidos tantos anos, se no meu tempo de seminário o Dia das Mães, oficializado em 1937 pelo Presidente Vargas, era comemorado; ou não se dava bolas para essa justa homenagem.
8. Embora, historicamente, o Dia das Mães tenha origem mitológica, pagã - os gregos antigos, abrindo a primavera, homenageavam Rhea ou Cibele, a Mãe de todos os deuses -, tenho a impressão de que a Igreja de Roma nunca condenou esse doce festejo.
9. Tanto é verdade que, em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, um respeitado purpurado, aqui e no Vaticano do sisudo papa Pio XII, não hesitou em mandar incluir o Dia das Mães no calendário oficial da Igreja.
10. Agora minha opinião: agem acertadamente os que aplaudem e comemoram o Dia da Mãe, prefiro dizer assim. Esqueçamos, por favor, o apelo comercial que a data sugere e sintamos, com a maior intensidade possível, o que de meigo e significativo esse dia inspira.
11. Muito bem. Mãe, a gente homenageia lendo para ela bonitos sonetos, interessantes quadrinhas e poemas fantásticos. Este ano, para saudá-la, pedi a ajuda de três belos poetas.
12. Aqui estão eles: Carlos Drummond de Andrade - Versos extraídos do seu poema Para Sempre - Por que Deus permite/ que as mães vão-se embora?/ Mãe não tem limite,/ é tempo sem hora,/ luz que não apaga/ quando sopra o vento/ e a chuva desaba...
13. Cora Coralina - "Renovadora e reveladora do mundo/ A humanidade se renova no teu ventre./ Cria teus filhos,/ não os entregues à creche./ Creche é fria, impessoal./ Nunca será um lar/para teu filho./ Ele, pequenino, precisa de ti./ Não o desligues da tua força maternal!"
14. Para minha mãe, estes versos de Quintana: "Mãe... São três letras apenas,/As desse nome bendito:/ Três letrinhas, nada mais.../ E nelas cabe o infinito/ E a palavra tão pequena - confessam mesmo os ateus -/ És do tamanho do céu/ E apenas menor do que Deus!"
15. Oi, Mãe... Você partiu...já faz tanto tempo!!! Se estiver me vendo, me mande um beijo...