A Matemática da Corrupção

Não me refiro aqui ao mensalão nem ao petrolão, tampouco ao meu estado de Alagoas, sempre nas páginas negras da violência e da corrupção. Detenho-me nos casos municipais, pela grande quantidade de municípios em nosso país. Vez em quando, vemos um movimento conhecido como “A Marcha dos Prefeitos”, indo a Brasília reivindicar mais recursos para os seus municípios, sob a alegação de que seus cofres estão vazios. Aí, então, descobre-se que prefeitura tal desviou dezenas ou centenas de milhões, que dariam para fazer isto ou aquilo na educação, na saúde e na segurança, os setores mais afetados pela escassez desses recursos financeiros. Ora, como é que falta para o essencial e sobra para o pernicioso?

E o interessante é que quanto mais pobre é o município, maior é a corrupção de seus políticos. Assim, não é uma questão de escassez ou abundância de recursos, mas a facilidade de ludibriar o seu povo pela carência de educação. Menos instruído, menos vigilante. Faz-se a farra com o dinheiro do povo, tapeia-lhe oferecendo o peixe e não o ensina a pescar. É isto que temos visto na imprensa, alguns dos quais chegam ao Fantástico, pela maior repercussão.

Mesmo diante dos mais escabrosos escândalos de corrupção, muitos deles são aplaudidos pelo povo, quando absolvidos pela justiça. No conceito geral, diz-se que “roubar pode, desde que me sirva uma fatia”. Assim, nunca terá direito ao bolo inteiro, aquele conquistado pelo trabalho digno.

Difícil entender essa matemática, onde não existe a quarta operação: a divisão.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 09/05/2015
Reeditado em 09/05/2015
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