Quem bate em professor
Por Carlos Sena 
 
Quem bate em professor bate na nação. Bate no que há de mais sagrado entre as pessoas que é o saber. Quem bate em professor não aprendeu isso com os seus professores, talvez tenham aprendido nos porões rançosos da ditadura e nunca mais desaprenderam. Quem bate em professor está batendo nordestino dos seus filhos; está serrando os trilhos do futuro com os furos de deslealdade cidadã. Quem bate em professor bate no próprio futuro que, de tanto se envergonhar, tem vontade de morrer sendo passado. Quem bate em professor bate a si mesmos, bate por osmose na esposa. Bate em gays, em negros, em mulheres. Quem bate em professor não sabe o que professa, pois, qual a canção "vivem pela guerra e morrem sem razão"... Diferente dessa canção de Vandré quem bate em professor nem sabe caminhar nem tampouco cantar. Porque o caminhar é ofício de professor e o cantar se expressa como forma de liberdade. Quem bate em professor nem a si bate. Porque se a si mesmos batessem nem seus cassetetes gostariam de presenciar essa dissimulação. Por isso, pátria amada, idolatrada, salve, salve: salve-nos dessa mancha que nos envergonha enquanto gente; que nos ceifa a lógica imanente; que nos comprime junto ao paredão da vergonha que uma surra num professor deixa. Finalmente, quem bate em professor bate também em pá-nela! 
 
Carlos sena