MEU DIA DAS MÃES
 
Quando chegar o domingo, dia das mães, vou fechar os olhos e fazer a Deus o meu pedido. Talvez eu peça para voltar no tempo e ser criança novamente, brincar de casinha e de boneca com minhas irmãs e primas no quintal de casa, jogar queimada na rua até o dia escurecer e a gente ter que parar porque não tem luz na rua. 
Talvez eu peça para voltar à minha primeira escola, aos 7 aninhos, e ter novamente a alegria de ser a primeira da fila. Dessa vez eu não deixaria os dedinhos na porta quando o vento a batesse. Vou pedir também um chinelinho novo pra ir pra escola e um vestidinho diferente pra ir à missa no domingo.
Estava pensando também, em pedir para ir a serralheria buscar serragem para fazer o fogareiro para minha mãe. Era nele que ela cozinhava para os seis filhos. Pensei em pedir que nesse dia pudesse ter carne e verduras para o almoço e não somente o feijão com farinha de todo dia.
Quem sabe eu peça de volta a minha juventude, um dia no meu primeiro emprego, um dia no Colégio Tiradentes com meus professores militares, peça para desfilar no dia sete de setembro e novamente tocar na fanfarra.
Queria pedir para o Pedrinho não fazer aquela viagem, para o Renato não pular daquela ponte e para a Rosa não casar com aquele sujeito.
Pensei em pedir um último abraço para o meu pai ou então o direito de saber nessa vida quando um abraço será o último.
Queria pedir 
para ver novamente o Silvinho e dizer pra ele que é um babaca. Dar um abraço no Inácio, o maçãzinha, e impedir que ele puxasse aquele gatilho.
Pensei também em pedir um dia com meus filhos ainda crianças e brincar com eles no parque ou levá-los ao circo. Pediria ainda que eles não crescessem.
Quem sabe eu peça apenas margaridas nesse dia. Um campo cheio delas. 
Acho mesmo que vou pedir pra minha mãe ser eterna, pra nunca me deixar. 
E se eu puder fazer mais do que um pedido vou pedir que me faça esquecer os dois últimos anos de minha vida.
Ainda tem uma coisa que eu gostaria muito de pedir, mas essa meu coração não diz, mas isso me deixaria muito feliz. Talvez peça no silêncio do meu coração. 
Mas, pensando bem, não vou pedir nada. Se tenho tanta coisa para recordar é porque valeram a pena todas as coisas que eu vivi e nelas fui abençoada. Sendo tristes ou não tudo contribuiu para o meu crescimento.
Só tenho a agradecer a Deus que me permitiu viver por quase 30 anos o meu Dia das Mães.



* Inspirada em Rafael Magalhães




https://www.youtube.com/watch?v=34ePq4eulak
 
Suzana França
Enviado por Suzana França em 08/05/2015
Reeditado em 19/10/2015
Código do texto: T5234603
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.