Há anos atrás.
Tenho visto muita gente boa, principalmente na TV, falando "há anos atrás"! Meu ouvidos reclamam na hora. Não tem jeito, pois quanto mais a gente aprende mais precisa aprender. Claro que a pedagogia do oprimido não leva, acertadamente, isso em muita conta. Mas, quando se fala de autoridade, de formadores de opinião, sim. Por isso me incomoda quando vejo figurões falando "há anos atrás". Até repórter de emissoras globais, não raro falam assim. Certamente que, como diz o professor Pasquale "coisas da nossa língua portuguesa". E eu acrescento: portuguesa e fresca. Porque se "há anos atrás" está errado por conta do verbo haver que já diz tudo dizendo apenas "há anos", "anos atrás" vira correto. O problema está mesmo no verbo. Porque todo bom verbo que se preza é "fresco" pela própria natureza. O verbo crer é desses. Há uma passagem dele que mais parece um grilo: "cri, cri, cri". Fato é que muita gente boa que fala "há anos atrás" não tem a mesma sorte que eu. Eu tive uma assessora Professora Raimunda Rodrigues em Brasília. Certa tarde ela me ouviu dizer "há anos atrás" e, discreta, me disse: Dr. "há anos" é o correto. E, a meu pedido, me deu uma aula. Bem pudera. A professora Raimunda chegou a ser Ministra da Educação interina quando o titular era Jarbas Passarinho. Senti-me honrado com aquela correção e até hoje me incomodo saber que pessoas, como eu, erram nessa construção, não tenham por perto, uma professora Raimunda. Mas tudo isso foi há anos! Atrás? Só o tempo perdido sem a convivência com a professora.
Carlos sena