HINO À VIDA.

Suave, languidamente, vou emergindo

de um sono sereno, povoado de sonhos

que de tão nítidos, parecem reais, e de

tão reais, não sinto o menor desejo de

sair deles, porque são lindos, são bons...

Levanto... A Vida me chama... Um vale cercado

por altas montanhas; o solo coberto por uma

relva espessa e macia que acaricia meus

pés, quando caminho, sem nenhum ruído...

Meus olhos encantados, olham à volta...

Amo esse recanto de paraíso, meu mundo

onde a Paz encontrou sua morada e a mim

se oferece sem limites... O dia mal começa

a nascer e o Sol já se faz sentir, despontando

por sob os montes que vai dourando, colorindo...

Uma suave melodia começa a soar pelo espaço,

como se todos os elementos e elementais se

unissem para saudar o novo dia que amanhece

em todo seu esplendor, mostrando todas as cores,

todas as flores que ressumam suas fragrâncias...

Um abraço de brisa envolve meu corpo... sinto

como se fosse uma aura de energia, elevando - me

do chão, levando - me a flutuar pelo espaço límpido

e perfumado, onde, como uma bailarina mística,

ensaio alguns passos de dança, em meio ao nada ...

Tudo sob a celestial abóbada parece festejar a

vida que, mais uma vez, recomeça num novo dia;

as altas e frondosas árvores, parecem elevar seus

longos galhos em direção ao céu, enquanto suas folhas

cantam ao som do vento leve que começa a soprar...

Perto, o ruído do regato que corre mansamente

entre seixos brancos, coloridos e polidos pelo tempo,

cercado das mais diversas espécies de plantas,

na sua incessante busca pelo mar, onde sabe, um

dia irá, gloriosamente, desaguar... Murmura, feliz...

Um arco - íris de mil cores, encanta, de repente,

parecendo surgir do nada, enchendo o espaço

de sonora melodia, balançando o ar à sua volta

com o ruflar de suas asas coloridas, buliçosas:

Pássaros a dançar na sarabanda do vento...

Borboletas, abelhas e beija - flores fazem festa

nas pétalas das flores perfumadas, buscando

pólen e néctar nos pistilos melífluos, nos cálices

ainda úmidos pelo orvalho que a noite rorejou,

embalsamando a Terra, as plantas, a vida...

Todo o vale brilha como se coberto de ouro em pó...

É como fosse um mundo à parte, com suas flores,

cores, plantas e animaizinhos; tudo ama, tudo canta,

tudo convive em Paz, em perfeita harmonia...

Aqui a Mãe Natureza é amada, respeitada...

Frescas, coloridas e sumarentas, colho nos pés as frutas

que serão parte do meu desjejum; deixo - as sobre a mesa

e volto; a bela cachoeira me espera para o ritual de todas

as manhãs: a reenergização entre suas águas que caem

das alturas dos penhascos, puras, cristalinas, cantantes...

Meu coração também entoa um cântico de gratidão,

enquanto elevo meus olhos ao céu, sem esquecer de

pedir ao Poeta maior, ao Arquiteto do universo, que

conceda essa dádiva a todo ser humano, fazendo do

mundo, um novo Jardim do Éden...