Observando as Máscaras
Mesa cheia, amigos reunidos, muitas cervejas já consumidas, a alma humana implorando por atenção e explodindo para fora dos corpos inertes, tentando romper as máscaras que recobrem todas as faces.
Uma cachaça mais para permitir a liberdade às palavras ocultas pela necessidade de um comportamento socialmente aceito.
Mas parece que ninguém mais quer despir-se de sua máscara, escondida por toneladas de maquiagem barata, apesar do preço, ou de suas feições falsamente simpáticas a tudo e a todos.
Precisava de um mendigo, de um trabalhador braçal ainda em suas roupas de trabalho, com toda a carga de sujeira da sociedade que recobre seu corpo em atividade, tudo para obter desse povo a sua verdadeira face ante a figura humana despida da imagem glorificada pela sociedade de consumo. Mas não os tenho por perto no momento.
Parece que terei de me contentar, novamente, com a falsa representação da realidade que me cerca, chamando de amigos muitos dos que podem ser inimigos, meus e dos meus irmãos de cela e de cruz.
As máscaras da sociedade continuarão a me enganar. Ou serei eu a enganar as faces mascaradas?