SHOPPING DA PRAIA

No térreo, há lojas.

Tem corredores pouco iluminados; não muito escuros, mas em relação a outros shoppings a iluminação deixa a desejar... E nele se disfarçam as rugas e se diluem os sonhos.

Três corredores não muito largos, cortados por dois menores.

No fundo, há dois elevadores para os escritórios; um deles, em constante manutenção.

À esquerda, tem venda de livros de autores desconhecidos num estande mal arrumado; não há Paulo Coelho, Rubem Braga nem Edgar Allan Poe.

Na loja de doces, há mulheres e homens debruçados sobre tortas de chocolate compensando a infelicidade.

Há mesinhas para o chope dos descansados.

Lembro do sorriso da tristeza no Shopping da Praia.

Os banheiros masculinos são sujos, em cujas paredes se vêem obscenidades garranchadas e recados com telefone.

A mesmice diária foi quebrada, ontem, pelo casal cansado de tanta hipocrisia... Aos gritos, um com o outro, mostraram seus corações em frangalhos.

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OBS.: Esta crônica está registrada na Biblioteca Nacional

Elysio Lugarinho Netto
Enviado por Elysio Lugarinho Netto em 12/06/2007
Reeditado em 08/12/2008
Código do texto: T523174