CONCRIZ RUSSO

Numa certa época nomearam para chefiar o setor rural da agência do BNB, em Pesqueira-Pernambuco, um cara que passara muito tempo estudando para ser padre, excelente professort de português e que sabia também muito latim, mas não levava o menor jeito para lidar com pessoal do campo. Quando algum cliente atrasava uma prestação de um empr´stimo ruiral ele manava chamá-lo e dizia ao devedor: "Se o senhor cvontinuar inadimplente nós mandaremos executá-lo!". O sujeito saía zonzo, sem saber que diabo era inadimplente mas com um medo danado de ser executado, para ele riscado do mapa. Também não aceitava que o proponente quando ia ao banco e era indagado da área do seu sítio ou fazendola se referisse a tantos quadros, o cara tinha que falar a área em hectares (um quadro equivale a 1,2 hectare), e tome aperreio para dar essa inforamção, era preciso também saber o que eram semoventes, palavra desconhecida pelos infelizes proponentes ede crédito rural e ene bobagens, inclusive de vez em, quando o chefe metia uma expressão em latim na conversação. Seria até cômico se não fosse trágico porque o cara virou o terror dos pequenos agropecuaristas.

Mas um dia a ficha dele caiu e o sujeito foi obrigado a rever sua linguagem e tentar entender a linguagem do homem do campo. Seguinte: um pequeno pecuarista de Poção, vizinhoa de Pesqueira, estava a algum tempo com uma proposta para aquisiação de vacas e melhoria da infraestruturaq de sua fazenda, já estava quase tudo pronto, aí a documentação foi às aamãos do chefe para a checagem final antes de ser elaborada a cédula rural. O chefe conferiu mas deu pela falta de um elemento para ele fundamental. Então disse ao Nezinho Claro, o proponente, um cara muito engraçado e querido por todos os funcionários do banco principalmente pelas histórias e causos que contava. Disse o chefe: "Cidadão, analisei seu processo mas para que possa deferi-lo falta o senhor me trazer o croquis rústico, sem isso sua solicitação creditícia não sai. Traga, portanto, o croquis rústico!". Nezinho saiu aperriado. Foi ao seu amigo, um chefe político de Poção, Seu Vieirinha, um cara bisurado, educado, uma liderança da terra, compadre de Nezinho. Contou a ele a exigência do chefe. Vieirinha pensou, pensou, pensou e descobriu uma maneira de resolver a pendência. No utro dia, pegou a giola com o seu canário de estimasção, cantador que encantara até um governador de estado, e foi para Pesqueira, ficou no local que gostava, o cafe de Nena, perto do banco e mandou chamar um bancário do setor rural com que se dava muito bem, a quem gostava de contar casos da política. O bancário foi ao café, viu a gaiola com o canário em cima da mesa e estranhou, sabia que o pássaro era algo de estimação, aí Vieirinha lhe disse: "Meu amigo, quero que você me faça um grande favor, seja intermediário junto ao tal chefe do setor rural para ver se ele aceita o meu canárinho do império no lugar do concriz russo que ele pediu a Nezinho para poder seu empréstimo sair. Nezinho tinha confundido croquis rústico com cãocriz (na região é asssim que falam) russo, e você sabe que não existe esse bichinho em Poção e nem na regão". O bancário não teve dúvida, antes riu muito, como era asmático deve que respirar fundo, Nena lhe deu logo uma garapa, pegou a gaiola e foi direto para a gerência. O gerente quando vou a gaiola com o canário ficou alegre, pensou que era um presente que tinham mandado pra ele. O bancário então contou o caso. O gerente erxplodiu de riso, mandou chamar o fiscal, o subgerente e o chefe do setor rural, mas aí de repente a gerência anão cabia mais ninguém. O gerente relatou ao chefe intercalando a nrrativa com acessos de riso todo o caso, afirmando no final qe ele precisa de agora por diante de um tradutor para falar com oo pessoal do campo. O chefe baixou a cabeça. Desse dia em diante sempre que não entendia ou que queria transmitir algo aos clientes chamava o tal bancário. Seu Vieirinha levou de volta seu querido canarinho, mas o gerente ficou de olho piongo doido pelo bichinho.