Um encontro inusitado

O xarope amargo que tomara no dia anterior, compensaria com o café esfumaçado que o acordara no dia seguinte. Foi para um clube de leitura falar dos livros de Poemas. Os autores eram diversos: tinha Drummond e seu labor de universo, tinha Affonso Santana com sua viagem metropolitana, tinha Moraes com seu amor contente e marginal. Em seguida, havia o chope no Clube da Esquina, aparentemente, era na cidade de Minas, eram grandes compositores que estavam por lá, Lins, Toquinho, Venturini e Danilo Caimy. Após aqueles inusitados encontros pensara, algo identifica esta terra além das mulheres endeusadas pelas regiões dorsais do corpo e os jogadores frequentemente sensacionalistas, porém, habilidosos e pouco instruídos. Pensou mais uma vez , o que poderia ser o emblema desta terra, sua insígnia, seu selo contemporâneo: - A expressão musical e poética, ambas são irmãs gêmeas. A primeira foi moldada com um toque português de modinha, choro, africano de samba, e os eruditos dos clássicos europeus. A segunda foi moldada por influências européias do barroco e do romantismo. Em seguida, estas foram tropicalizadas, depois socializadas e repaginadas com sua tendência regionalista, bem como latino-americana. Depois de tanto pensar e viajar nestas miudezas de estórias de grandes artistas, recomendava satisfeito em suas rodas de conhecidos o que de melhor aquela terra havia produzido. Não era futebol e nem carnaval, era sua notória massa crítica de poetas, poetisas, músicos e musicistas. Dizia deste modo quando viaja para outros continentes: - Me desculpa pessoal não jogo bola, sou perna de pau, não frequento, nem muito bem fantasiado, o festejado Carnaval, todavia, caso não se importem, gostaria de arranhar no violão algo de Jobim, o compositor magistral, ou de alguns poemas escolhidos de grandes poetas versejar em nobre recital.

03, mai, 2015

Vinicius Saint' Ana