Prisão Sem Grades
Em um rito intangível, a lua passou por ali paralelamente a um riso involuntário. Seu magnetismo me atraiu, convencendo cada parte de mim que meu destino era tua morada. Mas que tolice crer que uma ave como eu sobreviveria em uma prisão sem grades. Pela adaga sagrada que habita em meu peito, me tornaria pássaro sem asas por infinitas estações. Um ser que voa amando um golfinho. O medo nos acorrentou, o tempo criou minha fraqueza evidente, meu calcanhar frágil, tua assinatura em minha pele, uma marca imortal. Matei a mim mesma para que morresse comigo, mas sua presença ressurge na mesma estação, como um pecado sem redenção. Talvez você seja o enigma que eu deva decifrar, mas é como desenhar no escuro. Sua presença é luz que cega. Somos elementos que não podem habitar no mesmo solo. Lancei no mar a recordação dolorosa, mas quando minhas pálpebras se fecham, é você quem me assombra.