Senhor, hoje não

Saí conscientemente do meu veículo físico e fui caminhar. Era noite, não havia nuvens, o céu estava estrelado. Abri os braços e os ergui gritando "heis-me aqui". Nestas ocasiões, em que faço isso em corpo etéreo, uma energia poderosa, contra qual não há resistência, puxa-me para o alto. Sinto um amor em potência e firmeza, que nunca percebo exceto nestas situações, porém no momento em que minha consciência começa a desfalecer, um medo insano me invade e digo, "senhor, hoje não", então, o retorno ao meu veículo físico é instantâneo, mas "rola" sempre um arrependimento pela falta de coragem. Desta vez foi diferente, não sentia nada me prendendo a terra e o medo estava sob controle, me entreguei totalmente e a certa altura em meio as luzes do céu, desfaleci. Acordei com a impressão de que havia morrido, a princípio minha visão estava toda embasada, ouvia cânticos, uma voz suave me saudou dizendo: Bem-vindo ao espaço sem tempo. Perguntei se estava morto e a voz respondeu: Não como imaginas. Me senti viajando em altíssima velocidade, embora não conseguisse definir nada com a visão. De repente minha visão se abriu e pude-me ver dentro de uma espiral de luzes na horizontal. Ali dentro me projetavam para frente e parava, não tinha controle a nada que me sucedia, até que me vi ligado a um finíssimo fio de ouro, que se estendia a um " planeta dourado", que emitia uma luz "alaranjada". Comecei a ser puxado dentro desta espiral, em altíssima velocidade rumo ao planeta, uma freada brusca, um silêncio total, olhei para o fio de ouro e o mesmo parecia vivo, antes que pudesse pensar qualquer coisa, a mesma voz suave disse com autoridade, volte e termine, como eco a voz foi ressoando várias vezes e quando vi já estava de volta em meu veículo físico. Que "coisa mais contraditória", uns se vão daqui, esperneando sem querer ir, outros se matam e vão mesmo, uns vão e lhes mandam de volta, para "terminar". Vou ali comprar uma "bola de cristal", para poder descobrir o que é, que tenho que terminar, "fui".