Os achacadores e os trabalhadores

Digno ministro na corte Tupiniquim chamou os nobres colegas de achacadores, são políticos profissionais. Segundo a autoridade citada trabalham na ambiguidade, ou seja, recebem as benesses financeiras do Governo Federal, porém votam a favor das propostas da oposição. Eles são cidadãos abastados, geralmente foram cabos eleitorais de importantes personalidades da política regional, eram como se diz, os eunucos que abanavam a sorte dos seus convivas. Entre um copo e outro de uísque Blue Label, eles superfaturavam obras dos PACs, aceleravam a acumulação de fortunas enviadas para o que se chamou de Swissleaks e acertavam-se com seus capatazes, colocando-os nas áreas de interesse dos governos municipais e estaduais. Empresas diversas de publicidade, editoras, construtoras fazendo parte da acumulação ilícita. Um Governo sério faria um estudo de árvore genealógica antes de liberar uma empresa para assumir uma licitação vitoriosa. Aqueles herdeiros dos piratas corsos, os mergulhadores que buscavam ouro nas Antilhas; os milionários contrabandistas de escravos; os sequestradores de fortunas ligados a justiça deveriam ser eminentemente impedidos de participar de licitações tão óbvias com relação ao seu resultado.

Do outro lado da vilania, recebendo as migalhas da corte neolusitana, estavam os trabalhadores. Estes assalariados viviam do cafezinho da padaria mais barata. Almoçavam em casa o feijão com arroz básico. O arroxo salarial que os corroia já fazia 20 anos era o seu combustível para bradarem contra o que se terceiriza. Parece que o imposto que se cobra nos alimentos é um exemplo crítico de terceirização. Existe sobre este o imposto da fabricação, o imposto sobre o transporte, o da circulação, o da inflação, o do comércio e enfim, os outros que ninguém sabe a origem nem porque criaram. Lembrem-se, porém, dos achacadores, ávidos e plantonistas das colunas jornalísticas de nobres economistas financiados para criarem estatísticas mirabolantes que culminam na criação de inéditos impostos. Bom, voltemos aos trabalhadores. Então, com a saúde na UTI, a educação imposta pelo FMI só resta a eles protestarem. No entanto, os partidos populares e os sindicatos se tornaram historicamente os mensageiros dos achacadores. Por isso, restou ao trabalhador o seu compromisso consigo e com seus colegas e familiares. Restaram a estes a marginalidade e a bala de borracha tão democrática quanto as balas que atingem os negros ceifados em Ferguson e outros estados (EUA). Esta realmente é a democracia humanista e pluralista. Capitalista ou comunista, parece que o modelo pouco importa. São meia dúzia de achacadores atropelando milhões de trabalhadores.

O1, mai, 2015.

Vinicius Saint'Ana

Vinicius Santana
Enviado por Vinicius Santana em 01/05/2015
Reeditado em 01/05/2015
Código do texto: T5227420
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