Abafamento da metrópole
Queria o sorriso juvenil de Alice todo santo dia. Mas quando sai e ouve aqueles que usam seus fones de ouvido em elevadores...Tantos cidadãos passaram de skates e patinetes, protestavam algo inédito pela avenida principal. Porém, ninguém os ouviu...estavam de fones de ouvido, abafaram o sorriso de Alice. Quando transmitiu os jogos esportivos já era mais de 0 hora, abafaram os zumbidos febris de torcedores com as cevadas supergélidas, engarrafadas na Antártida.
E estes mesmos torcedores que horas antes tentaram uma nobre contenda com os arquirrivais que andavam confortavelmente de vestes vermelhas e negras, foram contidos por homens fardados de boina preta e coturno. No dia seguinte, após longas jornadas de trabalho e os metrôs retumbantes e lineares, era domingo, dia de cinema ou jogo, economizou-se tomate e azeite devido a disparada da inflação. Os namoros de portão haviam acabado, porém os motéis transbordavam como há muito não se transbordava o Cantareira. Mas, que mal faz tomar menos banho e se suar mais de amor? E sob esta incansável e solene rotina, era segunda no próximo dia, tinha mais metrô, trabalho inacabado e escasso tempo ocioso. Tinham as notícias amenas e menos importantes do fim de semana, coisas como diversão, inebriar-se, músicas ao vivo, sonhos intangíveis e porções mágicas do amor, receitas de cupcake e figurinhas para trocar nas comunicações interpessoais. Tudo que o citadino pedia eram mais finais de semana, tempo ocioso e mais poesia.