Delírio de mim

Estou com cheiro de sabonete. A água deslisou pelo meu corpo enquanto eu me perdia dentro de mim. Estava morna e a minha carne entregue aos seus encantos. Dentro de mim algumas esquinas e eu com medo de seguir de abrir os olhos ou desligar o chuveiro. Fiz espuma nas mãos e passei a deslisar pelas avenidas do meu corpo pelado, alisei os cantos mais íntimos e de intimidade fui entregando-me ao desejo de possuir a mim com fome de me querer para mim. Fui me comendo com as pontas dos meus dedos e debaixo dos meus pés ou entre os dedos descobri o riso e minha boca foi ficando escancarada de felicidade! É possível nascer do instante de explosão de contentamento ou o desconhecido toma conta da gente e somos pegos de surpresa porque nunca nos conhecemos de verdade? A água lava a impureza do corpo, leva a espuma do sabonete e nos deixa limpo. Ligo o chuveiro, deixo correr a água e depois me jogo na toalha. Saio do banheiro com cheiro de sabonete...