SACO DE PANCADA ("A felicidade mais elevada é aquela que corrige os nossos defeitos e equilibra as nossas debilidades." - Johann Goethe )
Depois de ler a obra de Reinaldo di Lucia — (Sócrates e Platão: precursores do espiritismo?) — "Segundo Kardec, de tempos em tempos, Deus manda um enviado com a missão de reunir estes conhecimentos esparsos em um corpo de doutrina consistente. E assim Kardec afirma sobre Sócrates e Platão possuírem as mesmas ideias cristãs, ainda que de uma forma menos estruturada." Baseando-me nessa ideia, disse aos meus alunos, em um momento de reflexão, sobre Jesus reproduzir os pensamentos de Sócrates. E uma menina, daquelas indisciplinadas, ainda no oitavo ano do vespertino, acusa-me de mentiroso e não saber de nada. Incomodou-me muito sua contestação desrespeitosa. E doeu mais, porque eu já vinha "baleado" do turno matutino daquele mesmo dia, pois outro aluno dissera jamais confiar em mim, do segundo "C". Um fato leva a outro, lembrei-me da semana passada, uma aluna, do segundo "D", mostrou-se ofensivamente, dizendo não confiar em mim pela a seguinte atitude: Quando a classe foi convidada para lanchar e todos saíram, então ela disse, em voz alta, que nem pretendia pegar o lanche, mas ia sair, pois de forma alguma podia ficar sozinha comigo na sala por 3 minutos apenas. Não sei exatamente sua intenção, porém ela me fez sentir, naquele momento, um estuprador.
Enquanto aqui na internet, eu me sinto o "bam-bam-bam", inteligente e tudo o mais, na sala de aula sempre têm aqueles que me fazem sentir um lixo, dirigindo-me estes "deslogios": desinformado, estuprador, perigoso, esquisito e velho caduco. Talvez lhes dei motivo para tais julgamentos, leram minha crônicas, fieis a minha realidade profissional: "bola de maldade". Então faço minhas a palavras de Alessandra Espínola: "Eu gostaria de saber passar por esse circo dando gargalhadas o tempo todo, mas às vezes, meu palhaço é triste."
E estou certo, pisar em falso nunca, pois no trabalho, muitos estão me filmando literalmente, e até uma das mães de plantão disse à sua filha (minha aluna do nono ano): "fica longe daquele velho doido". Agora me pergunto como ensinarei essa jovem resistente ao seu professor? Todo meu esforço de aproximação a eles tem objetivos didáticos, os técnicos da educação disseram-me sobre se identificar com os jovens facilitando a relação e o ensino-aprendizado, estou nessa. Mas, eles e elas falam qualquer coisa, de tanto escutarem o indesejado, essa é minha culpa imposta, pois ensino às ordens do sistema! De jeito nenhum, quero imaginar se os meus colegas professores passam por isso também. Todavia, pelo o silêncio deles, sou forçado a acreditar no pior... Ou o quanto se envergonham de mim, quando revelo o que querem esconder. E ainda me tacham de faltoso do companheirismo por sonegar à "vaquinha". Porém, devem sofrer menos! E ainda bem, estão ensinando mais! Resta-me tentar compensar a mancha que desenhei no jaleco branco a categoria, por isso sempre me uno ao grupo nas ocasiões da greve, apesar de ser contra qualquer movimento forçador do reconhecimento de competências, porque grevistas se mostram geralmente a quem não precisa vê-los, e/ou prejudicando as pessoas erradas, e/ou ainda, especificamente greve de professor está desacreditada por resultar sempre em nada. E todos provam minha boa intenção, quando paro de trabalhar a mando do sindicato; além do mais, pago minha taxa sindical e ele me representa! Digo tudo isso para ser fiel aos relatos de minha vida escolar. "Os poetas são impúdicos para com as suas vivências: exploram-nas" (Friedrich Nietzsche). Peço-lhes desculpas se exagerei, eu compreendo seu olhar torcido, pois de forma alguma confiamos naqueles esquisitos, pois, nos metem medo. Apenas aconselho, jamais se esqueçam: "as aparências enganam"; não é prudente julgar o livro pela capa; eu sou um pouquinho pior!