SPEAK SLOWLY, PLEASE, I AM BRAZILIAN!
(um texto escrito por jlc-jan)
(um texto escrito por jlc-jan)
Cliquem no link acima e ouçam os versos do Gabriel o pensador!
O racismo e determinados preconceitos, no mundo, são mais velhos do quê o próprio mundo e nos enojam. Particularmente me enoja bastante, pois fui uma de suas vítimas, em Baltimore, U.S.A., na mesma cidade que, hoje, não sai dos noticiários, com repetidas estórias e deprimentes relatos de assassinatos de negros pela polícia, uma instituição que foi criada para proteger a população de uma cidade, independente da sua cor da pele, religião ou status social e, no entanto, os matam...
Isso não me causa estranheza e vocês entenderão o porquê, após o relato que, a seguir, lhes farei do que aconteceu comigo, naquela cidade e o quê isso me causou como cidadão, hiper patriota que sou.
Na época do fato, eu tinha, apenas, 19 anos de idade. Era um jovem, recém-formado, oficial da Marinha Mercante. Quando o navio, em que eu estava embarcado e fazia minha primeira viagem ao exterior, atracou no porto de Baltimore, apesar do tempo estar indicando que choveria muito, peguei meu guarda-chuva, parti para o ponto de ônibus a fim de ir ao Correio, no centro da cidade.
Quando consegui chegar, ao ponto do ônibus, o temporal já havia desabado, foi quando vi ao longe, o quê me pareceu uma bela e inesperada visão, uma figura diáfana, muito linda, correndo sob aquele aguaceiro, com as coxas à mostra, pois usava uma minissaia. Meu coração acelerou e eu pensei: vai chover no teu roçado também jan.
Doce engano: aquele sonho de garota meteu-se debaixo do meu guarda-chuva e arfando, cansada, falou-me muito rápido, não entendi quase nada, então lhe disse, num péssimo Inglês:
- Speak slowly, please, I am Brazilian!...
- Brazilian?
- Ya!
Ela, ato contínuo, olhou-me e escarrou, cuspiu no chão, afastando-se do guarda-chuva, com nojo de mim e do meu país...
Ah, garota, tens sorte de ter nascido mulher, pensei!
Confesso: lágrimas jorraram dos meus olhos. Jamais havia sido tão humilhado, mas o quê mais me doeu foi ela ter ofendido o meu país, minha amada NAÇÃO! Fiquei tão puto que, se ela fosse um homem, com certeza, eu tinha lhe dado uma porrada e nós iríamos rolar naquele chão até eu machucar o fdp, bastante.
Mas, eu jamais agredi ou ofendi uma mulher e, por isso, virei-lhe as costas e retornei para bordo do navio. Cheguei com os olhos inchados de tanto chorar. No caminho, com a sorte de não ter sido observado, por nenhuma pessoa que passou por mim, a chuva não permitiu, tentei me controlar...
Por esse motivo, jurei, para mim mesmo, que eu jamais me deitaria numa cama com uma mulher americana e nunca mais voltaria àquela cidade racista e preconceituosa.
Cumpri, até hoje, totalmente, o meu juramento e, naquela época, quando meu navio retornou a BALTIMORE, várias vezes, jamais pisei naquele chão...
Com tristeza, constato: ainda hoje, o racismo violento, subexiste em Baltimore, em pleno século XXI... É muita burrice, para uma Nação tão próspera!