ADOLESCENTE
Na transmudação de criança para adulto, na dita adolescência, todos ficam exatamente iguais.
Só diferem no endereço.
Vamos conhecê-los
A voz desafina, não é nem grossa nem fina.
O nariz se alarga e fica repleto de cravos negros.
A pele sedosa, logo fica com textura de choquito.
Deixam as roupas comportadas e tomam um ar desleixado.
A camiseta, alguns números maiores, cai-lhe solta pelos ombros.
Só usam calças largas com os fundilhos perto dos joelhos, parecem pesadas, como se estivessem sempre cagados.
Só usam tênis que é sempre encontrado em companhia do chinelo, espalhados pelo quarto.
Em lugares públicos, pensam ser eles o centro das atenções, quando na realidade ninguém está tomando conhecimento da sua presença.
Passam horas em frente do espelho, assentando com zelo, cada fio de cabelo.
Quando deixam o banheiro, o caos é total.
A pia, o chão e o espelho estão repletos de respingos.
Não se importam com a craca no pescoço, desde que estejam com os cabelos bem penteados e sem brilho, emplastrados com gel.
São sempre os “donos da verdade”, mas quando pinta o perigo, correm logo procurar abrigo, sob as asas de seus pais.