Punhal
A tempestade chegou aliada ao seu fantasma que ousa me assombrar novamente. E veio silencioso, e com sua lança atravessou meus punhos, com suas mãos frias segurou meu coração, esmagando lentamente enquanto sorria.
O ar fugiu dos meus pulmões, me despi e revelei o meu avesso. A gargalhada foi a única resposta. A confirmação legítima de que é tolice acreditar em destino. A neve cai sobre meu corpo amortecido de dor, preço pago por tanta racionalidade.
Não foi a primeira vez que aquele punhal desenhava em minha pele, mas foi a primeira vez que eu quis permanecer. Desejei que se materializasse em mim e substituísse a mão que habitava em meu peito. Pobre fantasma, eu também o assombrei.
Eu o amei, e como o amei! E me vejo no espelho dos seus olhos como uma sombra esquecida. Transpiro letras sem fim, inspirada em sua face, que vejo por todos os lados, até nas paisagens pouco notadas. Uma dose de amnésia...