Toda vez que chego ao Rio de Janeiro lembro do verso da música Aquele Abraço de Gilberto Gil: O Rio de Janeiro continua lindo. E continua mesmo. A cidade maravilhosa, abençoada por Deus, resiste bravamente ao descaso do governo, principalmente em relação a segurança e ao meio ambiente.
               Desde que passei o verão de 1982, aos 19 anos, soube que aquela cidade era minha. Para sempre. Aliás no meu primeiro verão sai da praia para pegar um avião e enfrentar uma fila de três horas para prestar minha última homenagem a estrela maior Elis Regina no teatro Bandeirantes em São Paulo. Verão marcante aquele. Sim, eu tenho o meu Rio de Janeiro que independe do que sai na imprensa. Não consigo ter medo de andar pela cidade e por mais que eu tente não consigo enxergar a imagem ruim que tentam me passar. Meu amor não é cego, mas verdadeiro.
               Meu hotel é sempre o Bela Artes. Fica na av. Visconde do Rio Branco, no centro e perto de tudo. O dono do boteco, o atendente da padaria, os garçons dos bistrôs e restaurantes, todos já me conhecem e me chamam pelo nome. Vou andando para o teatro, Estudantina, Lapa, bares, até o metrô e três paradas depois estou na praia, ou seja, não preciso enfrentar o trânsito infernal.
               O Bela Artes fica num prédio antigo tombado pelo patrimônio histórico ( a porta do elevador é de treliça e o piso original) todo restaurado, é simples, mas confortável e o melhor de tudo: Tem apenas 65 aparatmentos, portanto nunca vi tumulto na recepção, nem restaurante cheio, quando peço alguma coisa sou atendido sem demora e os funcionários me chamam pelo nome. Acho isso fantástico.
               No Rio não tenho pressa, nem obrigações e eu faço o meu tempo. Ás vezes vou andando ao Theatro Municipal para assistir algum evento e depois vou ao bar Amarelinho( um dos bare mais antigos da cidade), em frente, para comer e tomar um chopp, na Colombo nos finais de tarde tomar um chá com biscoitos que estão no cardápio há mais de cem anos.
               Não nasci no Rio mas é minha cidade do coração. Passei muitos verões, pude ser eu mesmo sem restrições, conheci e vivi meu único amor, tive muitas primeiras vezes e realizei sonhos e fantasias. Relembrando minha história com essa cidade, não ser carioca é apenas um detalhe.

 
José Raimundo Marques
Enviado por José Raimundo Marques em 26/04/2015
Reeditado em 26/04/2015
Código do texto: T5221313
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