Duas Diárias
Essa pequena viagem a Conservatória, apenas duas noites no hotel, me fez pensar em como foram sacaneados os escravos (e os índios também). Que têm sido vítimas de um holocausto permanente. Antes e depois das duas Guerras Mundiais.
No século 19, nessa área aqui do Rio, que viria a ser próspera na produção de café (o ouro verde), um senhor possuía 400 escravos. A Ponte dos Arcos foi construída por eles. Como também o Túnel que Chora. O cara tinha em sua casa um quarto para a sua mucama especial, sendo obviamente a esposa sabedora. Isso depois de ler o Evangelho, que recomendava ao homem não desejar uma mulher que não fosse a sua. Só que escrava não era mulher, nesse caso. Mas o era, é óbvio, para o caso da fornicação. Vem daí, certamente, muito da hipocrisia que domina as pessoas, e toda uma nação. E também o mundo. Tal qual o aprendemos.
É chorar sobre o leite derramado? É romance? É retórica dispensável? Não, trata-se apenas da comunicação de uma emoção. Que prometo não sentir de novo para não ter que, eventualmente, incomodar a ninguém. Talvez haja melhor coisa pra se ler. Recomendo mais uma vez Tolstoi, em que se lê muito do que se vê de injustiça neste país. E que, até mesmo por preguiça, a gente deve aprender.
Conservatória, RJ, 30/06/2007