FANTASIA DE ORADOR
Houve uma época, decáda de oitenta, que me envolvi com a política partidária, mas sem ser candidato a nada, apenas ajudava a esquerda. Detalhe: mesmo com a voz rouquenha devido a uma operação numa corda vocal, eu tirava onda de orador em comícios.
Essa amania de orador durou até o grande comício da campanha de Miguel Arraes para fgovernador na nossa ciidade. Como era o o coordenador do comício, quem fazia a escola dos oradores, falei depois de Jarbas Vasconcelos e antes de Arraes. Lembro que falei pouco, mas dei o meu recado. E fui aplaudido. Mas não fiquei totaqlmente satisfeito, resolvi então descer do palanque para pesquisar minha perfiormance pessoalmente com o povo. A primeira pessoa que encontrei, atrás do palanque foi uma velha cabocla fumando o seu cachimbo, um cachimbo fedorento da gota serena. Perguntei a ela como tinha minha saído no meu discurso. Ela tirou o cachimbo da boca, riu e disparou: "Oli, ô sinhô, meu padim Frei Damião e Migué Araizi a gente num entende nadinha do que dizem maizi gosta assim mermo!".
Não prossegui com a pesquisa, a cabocla rasgara a minha fantasia de orador. Não fiquei triste, mas falar em comícioo never more.