Sobrevivendo à Lei de Murphy

A Lei de Murphy só tem um enunciado: Se algo pode dar errado, vai dar errado. Faça uma experiencia, agora, caro leitor. Sabe aquela tesoura, que vive sumida? Ela está na gaveta da cômoda. Qual gaveta? O própósito desse exercício é determinar o quanto a Lei de Murphy pode se antecipar e contrariar você. Então, estejamos preparados para lidar com ela. Se você olhar na primeira gaveta, certamente a tesoura não vai está lá. É muito óbvio, todo mundo começa abrir gavetas pela primeira, a que fica mais alta. A Lei de Murphy conhece a natureza humana, não vai deixar você encontrar a tesoura assim tão fácil. Abro a segunda gaveta, então? Não seja tão primário! Você vai abrir as gavetas na ordem mais convencional possível? Claro, a tesoura também não vai está lá. Então devo abrir a última, a mais de baixo? Você não entendeu nada. Vamos recomeçar.

A lei de Murphy já te conhece muito bem. Sabe que você, inteligência mediana, só usa 10% de sua capacidade cerebral. Suas atitudes são mais que previsíveis. Tomar pirulito de criança é mais difícil do que lidar com você. Abrir a última gaveta, num clara intenção de burlar a Lei de Murphy, apenas revela a pobreza do seu raciocínio estratégico. Esse seria, digamos, a terceira escolha, confere? Coitado de você! A Lei de Murphy trabalha analisando, no mínimo, dez níveis de escolhas. Você precisa se se concentrar mais. Agindo de forma tão previsível, você é a vítima ideal da Lei de Murphy. Nesta altura, você já está perdendo a paciência.

- Claro, só falta aqui me chamar de burro. Tudo que vou fazer aqui é primário, ingênuo ou óbvio. Se só tem três gavetas, como é que eu vou escolher 10 formas de encontrar a tesoura? Sai dessa que quero ver! – Essa sua instabilidade emocional é esperada pela Lei de Murphy. Daqui em diante você não tomará mais atitudes lógicas, provavelmente vai chutar a cômoda, somando mais um inimigo gratuito na sua lista. Lamento, por você, seu alto nível de adrenalina obstacularizou sua visão. Você não está mais vendo nada. E a solução acaba de passar na sua frente.

- Como é que é? Que solução? – Notou uma figura feminina passando aí do lado? Ela pode ser sua mãe, sua esposa, sua irmã, não importa. Basta que ela seja uma mulher. Pergunte a ela, e a tesoura se materilizará em sua frente rapidamente. A Lei de Murphy pode ser astuta, quase invencível. Mas não é páreo para uma mulher. Não é por acaso que a Lei de Murphy é uma entidade feminina. Ela precisava de inteligência, flexibilidade, adaptação e sagacidade. Isso tudo em que você é defi... deixa pra lá, não é importante. Como uma mulher, exatamente. Eu sabia, desde o princípio, que você era um homem, não foi por acaso que o chamei de “caro leitor”, no começo do texto.

- Mas isso não tem nada a ver com inteligência! Minha esposa sabe onde está a tesoura por que foi ela que a pegou por último e, como sempre, largou num lugar diferente. – Dirá você, tentando encontrar uma saída honrosa para si mesmo. Exatamente, ao mudar de lugar a tesoura, sua esposa, sabiamente, contrariou hábitos rotineiros. Isso é algo que a Lei de Murphy ainda não conseguiu dominar. Mudança de rotina. Faça sempre diferente e você terá mais chances de vencer a Lei de Murphy.

Você não está convencido. E se minha esposa sabe-tudo esquecer onde guardou a tesoura? Sim, isso é possível. Nesse caso, tenho quase certeza que a tesoura está na cômoda. Vá até lá e a encontre. E Qual gaveta eu abro primeiro? Não importa a ordem, a tesoura sempre estará na última gaveta que você abrir. Sabe como eu faço? Eu ponha uma mão na gaveta de cima, e outra na gaveta de baixo. Simulo que vou abrí-las, mas não abro, solto as duas mãos, abro a gaveta do meio e pego a tesoura. Lembrando, a cada vez, deixe uma gaveta diferente como última opção. É bom fazer isso sem platéia, vai que o povo começa a pensar que você está meio lelé da cuca.

Pequiboy
Enviado por Pequiboy em 24/04/2015
Código do texto: T5218923
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