Mensagens que edificam - 52

Seria mera abstinência se não fosse uma atitude de sã consciência. Abster-se da corrupção do mundo pode soar para muitos apenas como cumprimento de divinos preceitos, mas quando a lucidez chegou ao âmbito de um coerente conceito, tudo passa a ser visto de maneira interpretativa, e esta pode ser abstinente ou pertinente, dependendo do prisma e do requerimento temporal. Qualquer adaptação que tenha por explicação uma adequação à linhas de regras estatutárias, foge a liberdade da espontaneidade não arbitrária. Verdades travestidas, mal passadas ou simplesmente nuas e cruas jamais trarão aspectos de libertação, antes impregnarão qualquer ambiente de cismas e estigmas. Nódoas tatuadas nas tábuas de corações petrificados. E fica a pergunta: o que é o mundo e o que é do mundo? Eu diria que até o comum imundo pode ser encarado como um banquete, desde que o seu apreciador não seja uma arara azul, mas o asqueroso urubu. Aquilo que não me serve, para outro cai como uma luva. Se a carapuça serviu, onde ficará a reclamação? Ou onde ficará a desculpa esfarrapada? Onde conceitos e preceitos dividem os mesmos espaços, usos e costumes estarão em constante atrito. Nenhum rito poderá justificar quem prefere ficar no poço das turvas águas da ignorância. Acertadamente a intenção de falar da inerrância por si só já solapa o direito do questionamento, quando todos somos meros mortais, dotados de virtudes e passivos de atitudes imorais. Por isso será sempre importante reiterar que seria mera abstinência se não fosse uma atitude de sã consciência. Ninguém deve ser escravo de um pseudo tribunal onde todos somos réus quando a condição de varão perfeito será apenas uma aspiração, e nada mais. O texto pode ter gosto de mel, como pode amargar como fel. Deglutir o indigesto pode ser um desafio para qualquer gesto, mas jamais será a expressão de um opção marcada por um prazer manifesto. Se correr os olhos por epístolas duvidáveis pode incorrer em assimilar ideias não bem aceitáveis, melhor é amadurecer do que apodrecer fora da estação. Tudo tem o seu tempo, e o tempo é de colher frutos da época e não temporãos. Nada ficará encoberto, tudo será revelado.

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 23/04/2015
Código do texto: T5217211
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