DONANA
Algumas pessoas, inclusive com cultura, costumam desancar os atuais políticos, especialmente os detentores de mandatos, notadamente os deputados e senadores, afiormando o seguinte: "Já não há políticos como os de antigamente!". Ora, isso é uma bobagem abissal. Nunca tivemos uma classe política boa, nem ontem e nem hoje.
Vamos à história, na República Velha, no senado, havia um senador acima de qualquer suspeita, escritor, intelectal, jurista, homem sério e honesto. Era Gilberto Amado, então senador por Sergipe. Mas apesar de suas qualidades, ele também ser subservinte ao governo. Ele conta nas suas Memórias que certa vez foi obrigado a votar para não reconhecer a eleição de um senador (era a cassação da epoca), um sujeito que era seu amigo e o ajudara muito na vida. Mas ordem do governo era para ser cumprida, até pelos que eram decentes. A subserviência era um dogma, estava acima de qualquer resquíco de dignidade.
Pois bem, ao chegar em casa para um almoço com a família ele procurou o olhar da sua mãe, Donana, e não encontrou. Ficou triste e envergonhado o grande senador, aquele que era o cão chupando manga nos debates do senado. Aprouximou-se da mãe para beijá-la e ela o fulminou: "Quando renuncia? Se é para ser um senador como os outros é melhor não estar na política".
Os políticos são os mesmos, mas parece, estou apenas chutando, que não há mais mães como Donana. E priu.