MISS PEIDONA

A moçada de hoje é acusada de ser mais radical do que a de ontem. É um engano, a juventude foi, é e será a mesma em todos os tempos, e os rasgos de molecagem sempre existiram, alguns deles de uma maldade incrível, mas que fazem parte integrante dos folguedos próprios da idade.

Algumas molecagens eram - ainda são - mvidas por vingança, e há os que marcaram indelevelmente algumas gerações.

Vou contar apenas um caso hilário mas cruel. Havia na nossa miraí sertaneja uma moça bonita, mas muito chata e amostrada, foi até miss de um clube da cidade numa época, Ela discriminava os rapazes pobres, só dava bola para os mais abonados, preferia se divertir, por exemplo, com viajantes de remédios, de peças de automóvis, tecidos (estes eram alinhados e gastavam uma nota), os filhos dos ricos e os funcionários do Banco do Brasil (naquele tempo eram os partidões da cidadezinha). Nos bailes ela cortava todos os pobres. Um desses cortados, um cara esquentado e muito vigativo, ficou fulo de raiva as ser cortado pela miss (era o apelido dela), e juros vingança. Passou o tempo, num baile em que a dita moça estava meio fazendo renda, não aparecia par com as exigências do seu perfil preferido, ela doida pra dançar pediu a uma amiga que dissesse ao rapaz esquentado que se ele tirasse ela para dançar ela dançaria com ele. O rapaz foi lá, tirou a miss, e começaram a dançar, por sinal um bolero que fazia muito sucesso, Besame Mucho. No meio do salão, naquele tempo os bailes eram iluminados, com bastante luzes, os dois rodopiando, de repente o rapaz afastou a moça, botou a mão no nariz e gritou: "Com você não danço mais, você peidou. E muito fedorento e deixou-a no meio do saalão pasma. A música parou e os risos foram gerais. Daí por diante a moça ficou triste, acabrunhada, envegonhada e ganhou um apelido: Miss Peidona. Teve que ir embora da cidade. Uma prova da crueldade e vingança da época, mas algo que ra exceção.