IR ALÉM DO TALVEZ. QUEM PODE?

Quem pode ir além do talvez em termos de predizer o futuro? Seria esclarecedor o caminho das religiosidades, das crenças? Quem pode cimentar a segurança da predição na firmeza da indagação do “quem sabe?”. E quem sabe, soube ou saberá além do talvez?

É aumentativa e crescente de forma geométrica as escaladas dos muros dessa fronteira inigualável em tamanho.Atravessa as épocas inerme e inerte, não indene para inteligências inquietas. São os “intra muros” do não saber, o sei que nada sei socrático que avança desafiador ao conhecimento.

É a tortura serena, valha o conflito, que estabelece uma razão tépida e frágil, mas abençoa e anima, sobe montes e desce aos vales da persecução, que dá voltas, esmorece, tomba mas não rasteja e prossegue com alguma dignidade alcançada para ser e explicar, nas planícies do conhecimento de alguma coisa, para ao menos ver de uma cegueira incontrolável, mas que ainda percebe a luz.

É o talvez que coloca freios. Está sempre a espreitar, recusando progressos, nada concedendo de razoável, porém seu apanágio é estimular.

“As pessoas querem se distanciar da realidade porque ela implica sempre um limite. Além disso, a realidade requer uma identidade, um objetivo mais ou menos claro na vida”, leciona Charles Melman, discípulo de Lacan.

As distâncias dessas realidades são incalculáveis, não se aproximam de verdades inteiras, são somíticas, estrangulam até o asfixiamento.

Somente a respeitabilidade da fé, emparedada entre a vontade e a queda no espaço diversionista, faz o pouco conhecimento afastar o talvez. Caminha ufanista e vitorioso o talvez. É a vitória de uma razão de fé que pode se fortalecer na materialidade de gestos, condutas, atitudes de uma entidade humana, Jesus Cristo.

A mentira consome o pudor, mas a fé não mente, porque fala com o coração. A caminhada é árdua, dura e sofrida, sem muita recepção ao que tanto se cursa e resulta em resistência que não sucumbe, se debate e dá voos sempre rasantes. Assim sempre será para os desígnios de um Deus polivalente, múltiplo até na representação que aceitamos, Pai,Filho e Espírito Santo.

Que o Espírito Santo ilumine o "Talvez".