SOSSEGUEM A PERIQUITA

A ditadura militar, com a sua truculência e obtusidade, introduziu no currículo escolar uma matéria chamada, se não me engano, "Moral e Cívica". Era a tentativa de imprimir a sua filosofia autoritária e minar corações e mentes dos adolescentes. Uma das aberrações foi trocar a palavra camponês pelo horrível vocábulo rurícola. Camponês, segundo o entendimento dos gorilas que ocuparam o poder, lembrava as Ligas de Julião. Na verdade o que queriam era brecar o sentimento de liberdade, objetivo do fascismo.

Pois bem, foi nisso que pensei quando dia desses, quase sem querer, comecei a assistir uma sessão do picadeiro desse circo dos horrores e da bobagem que é o senado federal com seus palhaços chatos e fisiológicos. Estavam discutindo a lei da biodiversidade, um emaranhado de bobagens, algo destinado apenas a enrolar os manés. O que me chamou à atenção foi que passarm um tempão, acho que horas, quando desliguei ainda ficaram batendo boca sobre o assunto. Discutiam, pasmem, a mudança da expressão "povos indígenas" pela horrível "população indígena". Como o mundo todo e quem defende os íindios só se refere à primeira, os direitistas, como os gorilas de 64, queriam mudá-la. Se o saudoso Stanislaw Ponte Preta fosse vivo na certa teria um prato cheio para o seu Febeapá.

Quando desliquei a tevê me lembrei de uma expressão usada por uma velhinha de Arcoverde toda vez que se deparava com uma discussão besta: "Sosseguem a periquita!". E priu.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 22/04/2015
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