Ela e eu!

Ela e eu não somos muito amáveis um com o outro, aliás, não nos damos muito bem, apesar de eu entendê-la melhor hoje do que antes.

Que nosso encontro aconteceu meio ao acaso, quem diz sou eu, mas a verdade é que nosso destino já havia sido traçado há 27 anos, desde que nasci; graças à genética!

Hoje a nossa relação é mais branda, menos conturbada, mas no início... ah! Como foi difícil!

Quando fomos apresentados, aliás, nem fomos, de fato, apresentados oficialmente. Ela veio chegando de mansinho e se instalou na minha vida.

Mas como ia dizendo, quando passamos a nos conhecer, ela era uma incógnita para mim; e jamais fiz questão de decifrá-la, mas o tempo foi passando e chegou um dia em que foi necessário que nos entendêssemos, afinal, ela fará parte da minha rotina para sempre, para sempre mesmo.

Bem, vamos às características...

Ela é invasiva, sabe se impor na hora certa, é imponente e chega de mansinho, como eu já disse; ainda não a conheço muito bem, mas terei todo o resto da minha vida para o fazer.

Agora vamos às minhas, sou alto, relativamente magro, moreno e, sobretudo, vaidoso!

Como você já deve ter percebido, nossas características mais perceptíveis são distintas.

As dela são mais psicológicas; as minhas, físicas. Não que eu goste de me autopromover, mas é que ela, a minha companheira, faz questão de me lembrar de que a cada dia ela interfere e reflete na minha beleza, que nem era tanta assim, agora então...

O fato, meus amigos, é que eu não tive sequer a chance de dizer “não” a esse namoro meio desengonçado, um tanto quanto perturbador.

Ela sabe que não a amo, mas pouco lhe importa, já que sair da minha vida ela sabe que não vai.

A verdade é que aos trancos e barrancos nossa rotina vai se ajustando e, às vezes, até esqueço que ela está impregnada em mim, até na minha sombra.

Outro dia, durante o banho, fiquei inerte por um longo tempo, de repente eu comecei a chorar, não sei se de alegria ou tristeza, de alegria por saber que ela estará sempre ao meu lado e por saber que pelo menos de solidão eu não sofrerei; de tristeza por pensar que poderia ter sido diferente, mas não foi. É assim, pronto e acabou!

Passado esse momento de nostalgia, voltei a mim e pude constatar que apesar dos pesares, nossa convivência já foi muito ruim, no começo, mas hoje está mais tranquila. Eu não queria aceitá-la, mas já estamos nos familiarizando consideravelmente bem.

Agora que você já conhece um pouco mais sobre nós, esteja à vontade para palpitar.

Epa! Ocorreu-me que acabei me esquecendo de dizer o nome dela; ela que está agora ao meu lado e que não sairá mais de perto de mim, a CALVÍCIE!

Batista Washington
Enviado por Batista Washington em 20/04/2015
Reeditado em 20/04/2015
Código do texto: T5214318
Classificação de conteúdo: seguro