TV Interativa

Não sei exatamente o que vou escrever. A televisão está ligada: às vezes olho para ela, às vezes ela pisca para mim. Estou defronte ao computador escrevendo o primeiro parágrafo de uma possível crônica. Ainda não tenho a ideia do que vou abordar. Creio que você também faça loucuras como esta de vez em quando. Mas eu não sou daqueles que conseguem ver televisão e escrever ao mesmo tempo, isto ainda não consegui fazer, por isso vou desligá-la.

Andam falando em televisão Interativa. Fico imaginando o que poderá vir a ser esta novidade. Hoje nossas casas já são invadidas a todo instante por jornalistas, políticos, cômicos e filmes da pior qualidade que nos chegam aos montes de países ditos desenvolvidos. As propagandas meu Deus! Cada dia parecem inovarem de forma grotesca e ridícula. Não sei se você chegou a ver uma da Peugeot que sugeria que jogássemos a sogra para fora do veículo quando estivéssemos em uma subida para que o veículo ficasse mais leve e subisse com mais facilidade. Além de uma discriminação contra as sogras; uma afronta aos idosos.

A ideia da televisão Interativa me deixa com os cabelos em pé. Com a globalização até as pessoas ficaram semelhantes, parecidas demais umas com as outras. Os modelos das roupas são praticamente os mesmos em todas as cidades e lugarejos. Os carros são equivalentes, as notícias são idênticas em todos os meios de comunicação. Não existe mais surpresa!

Com a interatividade o jornalista vai poder dizer para seus telespectadores detalhes que ele provavelmente fará no dia seguinte. O bom da vida que é o suspense que deixará de existir. Tudo em nossas vidas vai mudar, muitos dirão que o problema não está na novidade, mas sim em nossas cabeças. Provavelmente esta seja uma grande verdade e também é fato, que muitos conhecimentos científicos serão difundidos para a humanidade rapidamente. O grande problema que vejo é que todos os veículos de comunicação estão nas mãos dos ricos e poderosos. Será que isto não os deixarão mais tranquilos para manipularem a grande maioria das famílias que são, via de regra, pobres? Será que esses meios de comunicação não vão nos forçar a tomar sempre a direção que eles desejarem? Será que o espectador vai ter uma influência ativa sobre os programas que serão oferecidos? Ou será que estou vendo um novo apocalipse onde não existe? Se você souber me conta, afinal estamos na era da interatividade.

Nesse novo sistema deixaremos de sermos apenas ouvintes passivos. Seremos portadores das nossas ideias, seremos transmissores das nossas informações, seremos formadores de opinião, pelo menos é o que espero.

Voltando ao exemplo da propagando da Peugeot. Poderíamos fazer a seguinte pergunta ao telespectador: você jogaria sua sogra pela janela ou venderia seu Peugeot? Já imaginou o que aconteceria?!

Como está chegando o “Dia dos Namorados”, já estou ficando preocupado: será que os amantes vão preferir namorar pela TV?

Sim ( ) Não ( ) Você Decide ( )

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 10/06/2007
Reeditado em 05/10/2017
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