Borboleta
No caminho por onde tropeço trocando passos com meu destino escolhido forçadamente por mim, contemplo as árvores e não vejo nelas a sua face reverenciada. Seu perfume não paira no ar como naquele inverno triste.
Mas que tolice crer em incontáveis momentos, que estaria liberta do fogo que consome cada parte de mim, vindo da tua direção, que os sussurros seus que ouço em meus sonhos são apenas ilusões.
Eu queria te amar no corpo de uma borboleta, longe dos olhos daqueles que repudiam meu nome. Escolhi partir, mas meu coração faz morada onde tua alma habita. Os ventos me levam para longe e tuas mãos são escorregadias.
Me encanto por outras feições, mas essa corrente inabalável em meu calcanhar me assombra por todo amanhecer. Amar-te é colher rosas espinhosas. As raízes do teu mundo sombrio te impedem de voar.
Anjo negro que me traz a paz e vendavais. Desfilo entre o céu e o inferno contigo. Necessito de uma dose de amnésia para cada momento que guardo, para toda lágrima rasgada, e para teu rosto inesquecível. Dissipa seus monstros ou voe até mim para sempre.