MELHOR IDADE, POR QUÊ (SÓ VAGABUNDAGEM PARA FHC)

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A minha mãe Josefa Costa, pelos seus 80 anos e Francisco Januário Calado, de 87 anos!

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Como podemos considerar pessoas com 60, 70 ou 80 anos ou até mais, como se vivessem “a melhor idade”, a “terceira idade” ou “a idade com cabelos cor de prata”, se já foram até tachados de vagabundos pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao implantar o Fator Previdenciário? Tecnicamente, a afirmação está correta; socialmente, não! Os aposentados com o fator previdenciário, passaram a ser achatados. Será que eles podem mesmo ser considerados como se estivessem vivendo suas melhores idades? Não! As pessoas que alcançaram essa idade gozando de boa saúde, certamente ganharam mais experiência, adquiriram nova forma de olhar para a vida presente e ver a passada; a futura, não sabem se viverão porque o futuro não passa de um ponto de interrogação em suas cabeças. Eles aprenderam que o tempo, tudo resolve a seu tempo, enquanto caminham lentos, porque nenhum nasceu e viveu na era da modernidade, dessa louca tecnologia que se inventa e se reinventa com uma velocidade espantosa. Tudo muda com muita pressa, inclusive os valores sociais, morais e éticos da sociedade!

Essa uma moderna e nova tecnologia assusta aos idosos que a veem como se tudo fosse um devorador de lembranças de seus passados. A maioria dos aposentados, entretanto, não goza de boa saúde e gasta muito dinheiro em drogarias para sobreviver com um pouco mais de dignidade. Todos os da idade da “vagabundagem” como disse o ex-presidente, escutavam rádios AM com chiados, músicas eram em Lps que furavam ou arranhavam por tantas vezes colocadas em eletrolas Nivico. Todos se levantavam para trocar o canal da TV em preto em branca, ligar rádios e se movimentavam mais do que os jovens de hoje com seus celulares modernos, tabletes, TVS de plasma, LCD, LED com controle remoto e engordam muito rapidamente, sem saber os motivos. Muitos que alcançaram a idade da vagabundagem, usaram relógios automáticos que se utilizavam do movimento dos braços para continuar funcionando. Caminhavam muito os antigos jovens que alcançaram a terceira idade. Hoje, os relógios se modernizaram e usam baterias!

O desodorante era mistral, se perfumavam com bond street, conhecido pela maioria de “bonne strit”, esperavam horas e horas para se completar uma ligação telefônica de um Estado para a outro via telefonista com cabos e cabines para atendimento para quem não tinha telefone em casa. No canto de muitas casas, ainda existiam as Nivico, que também passaram a servir de móveis, geralmente cobertos com pano....enfim, eram felizes e sobreviveram, mesmo sem tecnologia digital de hoje, facilmente dominada pelos jovens e difícil de ser aprendida pelos idosos. Os brinquedos de pilha, no máximo, eram usados por quem atingiu a idade dos cabelos cor de prata, que também usavam brinquedos de madeira. No passado, muitos pobres se imaginavam e arrastavam carros de luxo feitos de lata de leite cheio de areia, como eu fazia, me imaginando dirigindo um possante carro!

A limpeza da casa era feita com creolina dissolvida na água e o salsar era só para dar o perfume, o aroma e o toque final da limpeza da casa. Todos viveram e sobreviveram sem internet, telefone celular, TV de LED, Plasma, whatsapp, redes que tanto aprisionam os casais jovens de hoje. Algumas pessoas, como eu, tiveram que se adaptar aos novos tempos, outros ainda os vêm com desconfiança, como se fosse coisa do outro mundo. Os sacos eram de papel e serviam para embrulhar quase tudo, Existia o papel manteira e, como é óbvio, embrulhava a manteiga tirada de latas grandes de 5 quilos, geralmente cabeça de touro, com uma pá de madeira. Não havia sacos plásticos, hoje despejados na natureza, entupindo bueiros e causando enchentes Também não existiam garrafas PET, copos descartáveis e todos sobreviveram e muito bem, em um período em que nem sonhavam com toda essa modernidade louca que aprisiona e torna os jovens em escravos tecnológicos.

Talvez, por isso, tenham chegado a idade de 60, 70 e 80 anos, como sobreviventes de uma era feliz e podem ser chamados, mas foram chamados de vagabundos de uma idade que se passou a chamar de “a melhor idade”. Como melhor idade, se as leis são eram respeitadas, as escolas ensinavam e todos sobreviveram em um mundo real, com as relações humanas definidas, falando sempre o olho no olho, contato pele a pele, mão na mão. Era tudo mais gostoso. Hoje, vive-se em um mundo politicamente correto, mais virtual do que real. Os valores foram invertidos e subvertidos. O que honra no passado agora é caretice, o que era moral virou burrice, o que era natural, passou a ser estranho, enfim, o que era não é mais. Talvez, por isso, os membros da terceira idade que se sentem deslocados dentro desse novo mundo, possam mesmo ser chamados de “melhor idade”, porque é um mundo estranho para todos os idosos, mete medo, apavora e faz tremer.

Depois que a pessoa atinge a idade da aposentadoria sofre redução em seu salário, mas também é quando a pessoa aposentada mais precisa tomar mais remédios, consultas médicas etc. Contudo, é quando o seu Plano Privado de Saúde aumenta de preço, o governo não reajusta seus proventos, os partidos políticos mentem e enganam anunciando que lutarão pelo fim do fator previdenciário, mas o mantém, inclusive se ridicularizam fazendo acordo com o Governo, não derrubando o veto da presidente Dilma Rousseff ao reajuste aprovado pela Câmara Federal, com um índice maior aos aposentados. Para piorar mais ainda a situação, o reajuste no valor dos medicamentos autorizados pelo Governo, mesmo abaixo do índice da inflação, torna a situação dos idosos mais grave porque essa despesa não abate no IR, cuja tabela de descontos foi reajustada abaixo do índice da inflação. Os custos dos remédios não deveriam ser abatidos na voraz arrecadação do Governo Federal, porque os idosos aposentados podem ser mais considerados, menos ser tachados de vagabundos e considerados vivendo as suas melhores idades!

Não é o caso de minha mãe Josefa Costa, que recebeu a todos seus convidados esbanjando saúde, vitalidade e recepcionou sete membros vivos de sua família, quatro homens e três mulheres, meus tios e o de meu padrinho Francisco Januário Calado, que me recebeu com o mesmo carinho de outrora e que vive com filhos, netos, bisnetos e tataranetos, todos embaixo do mesmo seu novo teto, no Conjunto Nova República e não mais no Morro da Liberdade, por cuja Rua São Benedito, hoje Rua Dona Mini, eu corria como se fosse um louco. Não conheci a todos os irmãos de minha mãe, mais o tio Magno, que sempre o visitava, reconheci. Os outros, quase nenhum deles os conheci. Mas conheci muitos agregados de meu padrinho.

A melhor idade seria só a “Utopia” escrita por Platão, que sonhou com uma sociedade igualitária? Talvez sim porque não se pode explicar ou justificar que pessoas ganhem tão pouco quando mais precisam para garantir o resto de suas vidas com dignidade, cheios de doenças e precisando para comprar remédios. E o dinheiro é o que os idosos aposentados ou vagabundos para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, não possuem!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 18/04/2015
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