O MAR E A CACHOEIRA DA PAULO AFONSO

Há um poema de Manuel Bandeira, talvez o mais famoso, que ele fala num alumbramento de adolescente, quando viu uma moça nua na beira do rio. Isso foi seu primeiro alumbramento.

No nosso caso, daqueles que viveram a sua meninice no interior, além da visão das mocinhas, o nosso grande alumbramento foi sem dúvida ver o mar ao vivo. Dele a gente só tinha idéia pelo cinema, pela narração dos mais velhos, pelas revistas e fotografias... Mas vê-lo pela primeira vez foi um alubramento e tanto. Um espanto. Quem via o mar pela primeira vez ficava de boca aberta, pasmo. Era uma emoção indescritível. Ver o famoso açudão enorme e sem fim marcava a gente.

A mim só outro alumbramento fascinou tanto: foi quando vi a Cachoeira de Paulo Afonso. Quem atravessava pela primeira vez aquela pontezinha que balançava ficava com o coração batendo em ritmo de timbalada, vendo aquela revolução das águas, completamento tonto. Foi uma visão queme marcou para sempre.

Eu sei mesmo que assunto do mar e da cachoeira que fascinava os meninos de antigamente, é algo que não funciona mais em relação à galera de hoje. É que as maravilhas técnicas conseguiram até acabar com o sentimento do espanto. Sinto pela meninada, acho que esses alumbramentos de antes eram saudáveis.

ica o registro do alumbramento dos matutinhos do interior do tempo do ronca.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 18/04/2015
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