Entre quatro paredes

Um silêncio constrangedor foi quebrado pelo som da impaciência:

-Se aproveite de mim!

-Não posso, você não entende...

-Já havíamos conversado sobre isso, e você tinha topado.

-Mas o que vão pensar de mim. Não dá.

-Ué? Você vai sair contando por aí?

-Sei lá, pode escapar, alguém pode desconfiar.

-Larga de ser fresca, você adorou a ideia, só falou disso nós últimos dias, e na hora H está dando pra trás!

-Mas não sou de guardar segredos, não vou conseguir esconder das minhas amigas.

Ela levantou e começou a andar nervosamente pelo quarto.

- A ideia parecia ótima, mas agora estou relutante. Você é lindo, um pecado, mas não consigo encarar. Como vou me olhar no espelho depois?

- Você é uma hipócrita! Esperou que eu ficasse nú aqui, pra começar uma DR.

-Para vai, sabe que tenho namorado! Como vou encarar ele depois disso?

-Olha aqui mocinha, vou ter um papo reto com você. Se a gente não resolver isso hoje, me visto de novo, e sinceramente vou me oferecer pra primeira que aparecer, nem que seja uma amiga sua!

-De jeito nenhum, você é meu! Se alguém tentar te tirar de mim eu viro bicho!

-Então para de frescura e vamos resolver logo isso! Te conheço, está louca de vontade, vem aqui comigo...

Ela sentou na beirada da cama, olhando seu dorso negro, nu, e falou quase num sussurro:

-Mas e depois, como ficamos?

-olha, enquanto puder estarei por aqui. Mas nada é eterno, você sabe disso.

-É, eu sei, balbuciou ela levando as mãos a cabeça.

-E então?

Ela deitou-se de bruços na cama apoiando-se nos cotovelos e confessou:

-É você tem razão, está aqui porque eu queria muito, então não adianta fugir agora.

-Pois é, lembra?

Um sorriso desbotou no rosto dela enquanto divagava - Lembro sim. Quando te vi a primeira vez, tive a certeza que você tinha de ser meu.

-É disso que estou falando! Essa é minha garota!

Ela se aproximou lentamente, fechou os olhos. Esticou a língua e sentiu o sabor, o cheiro, enlouqueceu-se. As narinas dilataram, uma felicidade louca invadiu seu rosto. Deu uma dentada e o Ovo espatifou-se, derretendo o chocolate em sua boca. Sua manhã de Páscoa estava agora feliz e completa.

Alessandro Camillo
Enviado por Alessandro Camillo em 18/04/2015
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