UM POUQUINHO DE PARANÓIA
Sabem aquele ruído de porta entre aberta, com a dobradiça sem lubrificação?
Pois é, as portas externas das casas e apartamentos onde eu morei sempre faziam este barulho, o mesmo de casas mal assombradas.
Aqui onde moro tenho as duas tampas das caixas de passagem dos condutores elétricos desniveladas, assim pelo barulho controlo a movimentação dos cães. Na realidade os barulhos são acessórios para alimentar a minha paranoia.
Depois que entraram duas vezes no jardim, só o alarme não basta, preciso dos cães de guarda e do barulho.
Bem pequenos bastava rezar o Santo Anjo do Senhor e só acordávamos no dia seguinte, o tempo foi passando e veio o apito do guarda noturno, depois o ruído as patas dos cavalos no paralelepípedo e era tudo.
Veio o turbilhão e se foi a dita dura, mas não tão dura assim, talvez sem correlação direta, então o turbilhão nos trouxe as grades, sempre alguém à espreita, enfim, vieram as paranóias.
Aproveitando a véspera do feriadão de Tiradentes de 1978, o nosso filho mais velho o Tiago Castro nasceu e na pressa da viagem entre Rio Pardo e Porto Alegre esquecemos da porta dos fundos aberta, alguns dias depois, quando voltamos ela, a porta estava ao prazer da brisa reproduzindo o ruído mal assombrado. Tudo estava em ordem, menos o piso da cozinha, tomado de folhas de cinamomo, ainda bem, depois fiquei imaginando se o Cyborg tivesse entrado lá - Cybord era o cachorrinho que cuidava do pátio, durante estes dias o amigo de trabalho Mário Pereira passava por lá e colocava água e comida, mas não ia até os fundos do pátio.