DESABAFO

DESABAFO

É uma suprema frustração, que num país lindo como o nosso, que tem um regime democrático, com liberdade de expressão e direito de ir e vir, grande parte das pessoas opte por viver enclausurada, escondida atras de altos muros, “protegidas” por guaritas, cercas elétricas, câmeras de monitoramento e vigilância, em nada diferentes de campos de concentração e prisões, salvo pelo requinte e conforto das instalações. O preço para viver “seguro” é muito alto, principalmente pela falta de visão do horizonte.

O lar virou casa(mata), a saída virou medo, o percurso calvário, a volta um ilusório alívio. Tudo isso, segundo também boa parte da população é culpa do governo, como se o governo não fosse eleito pela sociedade, como se o estado não fosse propriedade de seus cidadãos, como se não nos representasse, como se todo o estado fosse uma droga e os agentes privados uma maravilha. Assim, na cabeça de muitos, após colocar o voto na urna está concluído o papel de cidadão, daí em diante não é mais comigo e assim sendo assisto a inépcia, a corrupção, a prevaricação (atenção, não se escreve prevaccarição), continuando com a máxima de não pensar individualmente e não agir coletivamente, somando-se a tudo isso que aí está. O Estado brasileiro pertence a quem aqui vive, contribui e trabalha, e não pode ser privatizado a serviço de alguns em detrimento da grande maioria, cabe aos mais esclarecidos a responsabilidade de lutar para que as mazelas sejam varridas do dia a dia, permitindo que todos, dentro da lei, possam usufruir com dignidade a vida que ainda detém. É hora de sair dessa clausura e exercer com tenacidade o papel de cidadão de verdade.

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 16/04/2015
Reeditado em 17/04/2015
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