Cogitabundo
Cogitabundo
Hoje, agora, nesse exato momento, perdido entre a prática e a teoria, indago-me: até que ponto sou útil? É nesse conflito, em noites reflexivas, que vivo. Analiso e analiso-me e o que me angustia é a falta de uma possível resposta.
Procuro apresentar o melhor (será o melhor para mim?), todavia, ouço o silêncio vociferando e os rascunhos me respondendo. Talvez, eu queira demais de mim e, ainda, não percebi que há menos também. Fazer sua parte, todos bradam que fazem; fazer a diferença deve ser o objetivo.
Quero ver vencedores e contribuir para que todos subam no pódio; não me contento e jamais me contentarei com alguns. Não quero metade; quero o todo. Na verdade, sou um ser que reflete e busca reflexões como eco, mas, devo entender que nem sempre se ouve no momento esperado.
Indago-me sempre e avalio a minha produção. Exijo-me mais do que suporto, pois não gosto de apresentar lacunas; não quero ser meio tempo, tampouco, simplesmente. Tudo é muito complexo para as respostas que nos deram e não permito o sim e o não como argumento, entre os dois há o percurso; nele estão as prováveis respostas.
Como queria ter uma noite tranquila, de equilíbrio, de zona de conforto, dormir e sonhar como tantos, mas não, tenho que ter as olheiras e o mau humor das leituras de mundo e de estante, dos conflitos e das brigas comigo mesmo e com o estabelecido. Daria anos de vida para passar momentos sem refletir; seguir simplesmente a correnteza e me deixar levar. A vida não me leva!
Estou deveras cogitabundo!
Com quantas palavras se faz um texto? Com quantos argumentos se convence o leitor? Com quantas propostas de intervenção se muda alguma coisa? Não me respondam, pois tudo passou a ter a resposta pronta.
Desabafando com meus fantasmas, que ouviu minhas agruras e vociferou no silêncio, disse-me o seguinte: não te aflijas, morrerás cedo!
Não tenho medo da morte, tenho medo de não contribuir para o melhor de cada um.
Mário Paternostro