Encontro com um suicida

Sentado à beira do abismo prestes a nele se atirar, um rapaz de cabeça baixa, olhar perdido fitava o rio abaixo, enquanto uns gritavam “pula”, uma voz feminina era o único elo com a vida. Bem de mansinho e com muita coragem, amarrada a uma corda a socorrista foi aproximando do mesmo dizendo: Calma, estou aqui apenas para conversar, fala comigo, não precisa ser assim, juntos vamos encontrar outra solução, vou te ajudar. Foi tudo muito rápido antes que a moça terminasse de completar a frase o rapaz se jogou, despedaçando-se nas pedras sem atingir o rio. Assisti a tudo sem ter a chance de ajudar em nada. O moço não tinha mais de trinta anos. Que desgosto tão profundo levou-o a tirar a própria vida? Ele não olhou para os lados em momento nenhum só fitava seu destino. Acordei bastante transtornado tinha sido um sonho muito vivo, real. Tomei banho bem gelado para desanuviar e saí, fui ao centro da cidade onde morro, a capital dos mineiros. Quando passava próximo a rodoviária vi alguns bombeiros isolando uma parte da pista próxima ao rio arrudas, aproximei e não é que lá estava o indivíduo do meu sonho sentado sobre uma das vigas que corta o rio, na mesma postura, sentado olhando fixamente para baixo, com uma policial do corpo de bombeiros amarrada a uma corda próxima a ele tentando um diálogo. Alguns transeuntes gritavam “pula” enquanto outros tiravam fotos e filmavam. Foi uma sensação muita estranha, algo parecido a ser impotente diante daquele destino, então para não influenciar os fatos com minha mente, retirei-me do local e não quis saber do resultado. Por que estas coisas sempre acontecem comigo?