MENINO GRANDE
O homem deixa de ser criança, se torna adulto, cidão cônscio das suas responsabilidades ou não... Alguns deles até chegam a cupar postos de destaque, outro são vencidos nos embates da vida, mesmo conseguindo viver com dignidade. E só uma minoria, acredito, envereda pela sinistra trilha da canalhice.
Mas se deixa de ser criança, o homem que é sensível e fiel ao seu passado, nunca deixa de ser um menino. É, como diria Antonio Maria, um menino grande. Fernando Sabino dizia: "O menino é o pai do homem". E Saint Exupéry afirmou: "Todo homem traz dentro de si o menino que foi". O homem guarda na mente e no coração as emoções do passado, nunca deixa de ser um menino grande. Sempre se lembra do menino levado,arisco, rebelde, arengueiro, moleque... Foi essa parte da vida que forjou o seu caráter. Tdo que é deve à memória. Essa fase, independente da fartura ou da pobreza, dformou o cidadão. Ninguém esquece o passado. Os canalhas teimam em esquecer, mas o fantasma da meninice sempre aparece para assustá-los. O menino rasga a fantasia do adulto canalha.
Não fui um menino sadio. A asma me persegue desde a infância. Não é só doença é destino. Há muito me conformei com a companhia permanente dela. Faz parte do humilde show da minha acanhada vida. Mas, apesar da asma que me impunha limitações, nunca entreguei os pontos, me virei, fiz das tripas coração para enfrentar os folguedos próprios da infância. Fui, apesar dos pesares, um menino feliz. Graças a Deus. Guardo dessa época lembranças inesquecíveis. Não me arrependo nem dos malfeitos que pratiquei. Repetiria tudo outro vez, creiam.
Desconfio muito dos que nunca recordam sua meninice. Alguns até evitam se referir a ela, mudam de assunto, escondem sua meninice. É como se dsenntissem vergonha de si mesmos. Acho isso o fim da picada. Se a infância foi difícil. até mesmo infeliz, o menino foi um hwerói, sobrevicveu, virou cidadão, e deve isso à resistência da sua meninice. Ninguém deve esconder o seu passado, principalmente sua fase de menino. Quem faz isso não tem caráter. Se é capaz de esconder sua infância, é capaz também de coisa muito pior e ainda mais vergonhosa.
Acho mesmo que todos somos um menino grande, que guardamos entranhado no nosso ser as mesmaass emoções e reações do menino que fomos - e ainda somos. O menino é uma espécie de anjo da gurda do homem. É o menino que iluina o homem. E priu.