O Lado Oculto do Ser

Todos nós temos o nosso lado animal latente, alguns mais, outros menos, mas, sem exceção, todos nós o temos! Faz parte da nossa natureza estagiária atual.

Ao observarmos as pessoas em seu dia-a-dia, nas atividades mais comezinhas, com suas falas, seus semblantes, seus gestos, suas posturas e suas ações, ou até pela ausência de fala, de semblante, de gesto, de postura e de ação, qualquer um, que tenha alguma perspicácia, conseguirá perceber o quanto cada uma dessas pessoas deixa aflorar o seu lado animal; mas é muito pouco provável que alguém consiga perceber o grau animalesco latente de cada uma delas.

Eu gosto muito - constantemente utilizo como referência em minhas conversas comigo mesmo ou com as pessoas que compartilham dos meus momentos - de uma alegoria utilizada pelas revistas em quadrinhos infantis: as figuras de um anjinho e de um diabinho, cada um por sobre um dos ombros de algum personagem que está momentaneamente em uma dúvida cruel se deve ou não realizar um determinado desejo. Um expõe os motivos pelos quais ele deve realiza-lo; o outro, os motivos pelos quais ele não deve realiza-lo. Tais quais dois advogados, um de acusação e o outro de defesa de uma causa.

Estas figuras simbolizam a nossa consciência, interagindo na dualidade do bem com o mal, do nosso lado animal com o nosso lado espiritual.

Mesmo que nós não percebamos este conflito em nós mesmos, e é comum isto acontecer, ele ocorre regularmente, muito mais do que possamos imaginar. Desde as decisões mais inocentes, como se devemos ou não comer aquele docinho, ou se devemos ou não beber aquela cerveja; até as coisas mais sérias, como se devemos ou não roubar aquele dinheirinho, ou se devemos ou não tirar aquela vida humana.

Aliás, este é um grande desafio para os profissionais que trabalham com a psicologia humana: desvendar as entranhas de nossa mente. Os fatos que ocorrem ao redor do nosso planeta comprovam que eles ainda estão muito distantes de alcançar este objetivo.

A propósito, o que é a mente?! A Ciência já avançou bastante no estudo do cérebro humano, mas, pouco ou quase nada, no estudo da mente humana. No que ela avança, se depara com realidades para ela ainda consideradas intangíveis.

Mas, voltando ao cerne da questão, vivenciamos e presenciamos manifestações animais, feitas pelos seres humanos, em todo momento, em nosso mundo real. E, para evidenciar ainda mais esta realidade, criamos algo a que denominamos de realidade (o trocadilho é proposital) virtual.

Caramba! Bastam alguns poucos minutos diários circulando por este tal mundo virtual para entendermos o quanto ainda estamos rasteiros, “chapados na terra”.

Considerando que seja pouco provável que alguém consiga ser de um jeito no mundo real e de outro no mundo virtual; considerando ainda que, caso alguém consiga, e que esse alguém exerça, ao menos minimamente, a sua racionalidade; o seu “eu” no mundo virtual tende a ser melhor, pouco que seja, do que no mundo real. Por razões óbvias: ninguém quer ficar deliberadamente “mal na fita” e a exposição no primeiro é maior que no segundo. Então, considerando isto tudo, realmente muito ainda nós temos de evoluir.

Edmaram
Enviado por Edmaram em 15/04/2015
Código do texto: T5207875
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